domingo, 27 de novembro de 2011

Enganação leva a crime de lesa-pátria




                                                               Myrian Luiz Alves



Guilherme Gomes Lund, Luís. A petição de 1982 e a da OEA, de 1995,  têm como autores Julia Gomes Lund e outros. Prováveis restos mortais de seu filho podem ter sido omitidos para ganhar tempo na conquista da ação junto à Corte Internacional. Já falecida, se alguns restos inferiores e dentes forem reconhecidos como pertencentes a Lund, dona Julia seria mais uma mãe enganada por "sensíveis" militantes de direitos humanos


O artigo do ex-secretário Nacional de Política Antidrogas, Walter Maierovitch, publicado no Terra Magazine, em 26 de novembro (link abaixo), esclarece que o Brasil cria a Comissão da Verdade em consequência da condenação na Corte Internacional no caso Guerrilha do Araguaia.

Maierovitch, porém, não esclarece as razões que levaram à petição junto à Organização dos Estados Americanos (OEA), a mesma que outrora era tão criticada pela esquerda por conta do boicote a Cuba.

Lembramos, mais uma vez, que restos mortais foram localizados pelo Estado, via Secretaria de Direitos Humanos (SEDH), com apoio da Polícia Federal, com antropólogos argentinos contratados pela SEDH em 1996, e que não foram encaminhados para identificação. Ao contrário, ficaram em caixas de papelão abandonadas no edifício da Polícia Federal de Brasília, que não tinha autorização da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos para encaminhar à identificação.

Por que razão?

Ora, hoje fica claro, que parte das autoras da petição, participantes voluntárias ou não da Comissão Especial, omitiu essas identificações para ganhar tempo e conquistar a condenação do Brasil na Corte Internacional. Simples.

Entre os restos mortais encontrados em 1996, poderiam estar "infelizmente" os de Guilherme Gomes Lund, filho de Julia Gomes Lund, autora que abre a petição de 1995 na Corte, e a petição de 1982, nacional.

Já mostramos neste blogue fotografias da cova encontrada na Reserva Indígena Suruí, no sudeste do Pará, e dos quatro mortos do Natal de 1973. Entre os mortos daquele Natal,, mostram todas as informações, oficiais e relatórios da Guerrilha, estaria Guilherme, o Luís, que integrou o Destacamento A.

O raciocínio é lógico: se Lund fosse identificado, e junto dele, comandantes da Comissão Militar da  guerrilha, mesmo que em poucos materiais de restos mortais - dentes e ossos inferiores -, a petição perderia força, até porque o Estado brasileiro estava, sim, envidando esforços para localizar "desaparecidos".

Além dos restos mortais da reserva indígena, se outro guerrilheiro, como no caso Maria Lucia Petit, fosse identificado após ser exumado de campo santo, fragilizaria mais ainda o pedido de condenação.

Vale lembrar que foram precisos mais de cinco anos - a Unicamp deveria esclarecer essa demora - para proceder a identificação de Maria Lucia Petit, retirada em 1991 do Cemitério de Xambioá, e 13 anos para anunciar a identificação de Bergson Gurjão Farias, retirado de cova ao lado da de Maria. Vale também recordar que as duas covas foram mostradas a familiares durante a primeira caravana, em 1980.

Bastava um alvará para proceder as exumações. O que não foi feito. Somente a partir da CPI de Perus, da Câmara de S.Paulo, e da Comissão Justiça e Paz, em 1991, passou-se a buscar restos mortais no Araguaia.

As buscas viraram shows de mídia. Retirava-se corpos para omiti-los em Brasília, tutelados pela tal Comissão Especial, em dependências do Estado.


Nove dentes, de dois homens, encontrados em cova da Reserva Indígena Suruí em 1996. Havia restos inferiores, meias, cordas amarradas na altura de tornozelos, um cartucho 9mm. Nos dentes, restaurações a ouro são observadas. Posição dos corpos na cova coincidem com a dos mortos no Natal de 1973. Até o momento, sem procedimentos para identificação. Mais informações neste blogue em


O senhor Walter Maierovitch conviveu, sem saber, talvez, com restos mortais durante o governo FHC, que teve como Secretário de Direitos Humanos, José Gregori, hoje na defesa do Brasil junto à OEA, e que não recebeu o relatório forense argentino, de 1996, conforme afirmou 10 anos depois, ao jornal O Povo, embora tenha sido responsável pela contratação da equipe forense argentina.

Também ao O Povo, de fevereiro de 2006, o ex-presidente da Comissão Especial, Miguel Reali, afirma que não sabia que o relatório dava real indicação de ser de guerrilheiros os restos mortais retirados em 1996. Mas, em 2001, negava por ofício a transferência a um laboratório, após cinco anos de omissão, que ainda perdura.

Essas pessoas que omitem corpos conseguem publicar livros por suas ONGs com apoio do Estado, Imprensa Oficial de S.Paulo, e patrocínio da Fundação Ford, a mesma que patrocinou o livro Direito à Verdade e à Justiça. Aliás, dois livros semelhantes, além dos textos, no desenho gráfico. 

A diferença é que o primeiro foi publicado pelo governo Lula, e, o segundo, pelo governo de José Serra.

O livro Direito à Verdade chama de surrealista as cobranças pela identificação do corpo X-2, identificado como Bergson, em 2009, sem qualquer autocrítica da Comissão Especial ou de integrantes de direitos humanos ligados ao ex-ministro Nilmário Miranda, que colocou os retos mortais no armário de sua secretaria.

Hoje, querem fazer parte da Comissão da Verdade. Quem apurará seus atos de vilipêndio e de tortura às mães octogenárias ou nonagenárias, que aguardam notícias de identificações de seus filhos?

Obviamente, casos de "desaparecidos" enterrados fora de campo santo são mais prováveis no Araguaia, e, mesmo assim, os já encontrados, embora não encaminhados até hoje para identificação, estavam numa reserva indígena, área da União.

Todos os casos anteriores de identificação de "desaparecidos" ocorreram após exumações em cemitérios, incluindo os da Guerrilha do Araguaia.

Pessoas que militam em direitos humanos enganosos - porque há os sinceros - querem levar a crer que o regime militar brasileiro atuou como o da Argentina ou o do Chile e sabem que isso não é real. A CPI de Perus, pouco citada por esses militantes, já havia provado isso.

Barbáries não podem ser comparadas. Era um período de guerra fria e a maldade correu solta em vários países, o Brasil não ficaria de fora. No entanto, esses militantes, a partir da Anistia, optaram por políticas de reparação financeira, aceitando, inclusive, atestados de óbitos presumidos. Após mais de 30 anos querem julgamentos, desde que eles - ou pessoas por eles indicados - façam parte da mesa julgadora.

Uma CPI federal já teria ajudado a esclarecer muito mais o período de exceção, porque têm instrumentos para investigações, incluindo o poder de convocação. O problema é que ela não requereria criação de cargos ou outros retornos financeiros. No caso da petição da OEA, havia a possibilidade de mais reparações financeiras, além das conquistadas na Lei 9140, em anistia financeira aos vivos e in memoriam. 

Será que alguma autoridade vai pedir investigação da atuação desse grupos que atua junto ao Estado na área de direitos humanos? Ou dos gastos do país e de alguns estados brasileiros, para sustentar seus desejos cada vez maiores de uma vingança ou para justificar financiamento de entidades internacionais às suas ONGs, embora não detenham nenhuma importância histórica, sequer de suas supostas militâncias?

Em 2001, ouvi de uma familiar que vinha de um encontro internacional na Argentina:
- Você sabia que algumas mães da Praça de Maio não querem localizar seus filhos?
- Não, e por que não iriam querer isso, se essa é a motivação delas?
- Porque elas deixariam de existir politicamente.

Semanas depois passei a perceber que, no Brasil, não afirmo serem algumas mães, mas alguns familiares de militantes de outras organizações que atuaram na guerrilha urbana, e, apenas uma, que sequer é familiar de guerrilheiro do Araguaia, mostram o mesmo procedimento citado pela militante há mais de 10 anos.

Pior do que crime de lesa-pátria financeiro, essas pessoas cometem o crime de lesa-pátria moral. Provocam, após 40 anos, a exacerbação raivosa contra as forças armadas atuais do país. Instigam a humilhação aos governos brasileiros perante outras nações, além da desmoralização de nossa história.

E, ainda, contratando com dinheiro público, um laboratório estadunidense para identificações de guerrilheiros, embora o país tenha reconhecimento internacional na área de medicina legal. Contratação, como outras, não fiscalizada pela sociedade, apenas para usufruir de gastos públicos ao seu bel prazer e a ocupar espaço na mídia, geralmente criticando os governos que as sustentam.

Comentaremos ainda a excelente reportagem de Leonel Rocha na revista Época deste final de semana, sobre documentos da Marinha.

Artigo de Walter Maierovitch, a respeito da Comissão da Verdade, na página Terra Magazine:
http://maierovitch.blog.terra.com.br/2011/11/26/comissao-da-verdade-e-cortina-de-fumaca-para-contornar-decisao-da-corte-interamericana-de-direitos-humanos/



Um comentário:

Anônimo disse...

Myriam. . . Muito interessante . . . Cro7