sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O costume do banho de rio se estendeu às tropas



Rio Araguaia, nas margens da área da Base Militar, 1972. Equipes da FAB e alguns paraquedistas.
 De costas, vê-se o então major Thaumaturgo Vaz, na mesma semana em que fez 
o ousado resgate do corpo do cabo Rosa, da 8ª Região Militar” 
 (Álbum sargento Califa, FAB)  

 Ex-sargento Califa, da FAB

     Na fazenda de exploração de cristal de rocha do rio Araguaia, que ficava ao sul de Xambioá, dos Martins, havia uma pista de piçarra cujo comprimento distava 1000 metros. Nos anos 1960, a pista ficava registrada como alternativa de emergência para o sobrevoo da Amazônia, nos mapas do Correio Aéreo Nacional. Foi nessa pista que desceu o C-47 cargueiro de 25 lugares da FAB que trouxe a primeira leva de militares e equipes de informações em maio de 1972.
    
      Ao lado do acampamento, havia uma abertura para o rio onde o pessoal das forças armadas tomava banho. Curiosamente, um barqueiro paraense chamado Zé Alípio, que ‘administrava’ o bordel do Vietnam, e negociava cartuchos e armas para os paulistas*, disse certa vez ter visto Osvaldão se banhando no remanso dos Martins, local em que lascas de cristal eram cortadas para serem levadas de barco rio abaixo.

*Paulistas = Guerrilheiros

A todos, bons novos tempos!



"Queremos ser libertados. O que dá uma enxadada no chão quer saber o sentido dessa enxadada.


E a enxada do forçado, que humilha o forçado, não é a mesma enxada do lavrador, que exalta o lavrador.


       A prisão não está ali onde se trabalha com a enxada. Não há o horror material. 


       A prisão está ali, onde o trabalho da enxada não tem sentido, não liga quem o faz à comunidade dos homens.


             E nós queremos fugir da prisão."
                                                                                                 


                                                                               (Antoine de Saint-Exupéry, Terra dos Homens)                                                                           

domingo, 11 de dezembro de 2011

Ao Presidente Lula, neste Dia Internacional de Direitos Humanos


“Nós não herdamos a Terra de nossos avós, nós a
 tomamos emprestada de nossos filhos.”
 (Cacique Seattle, 1854)



Ao Exmo. Senhor
Ex-Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva

Esta é a terceira carta que dirijo ao senhor. A primeira, em 1997, enquanto assessora do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, dizia-lhe que não desistisse de sua candidatura à Presidência da República. 
O momento era delicado. Denúncias do antigo militante de esquerda e do PT, Paulo de Tarso Wenceslau, abalavam o partido e sua honra. Quem participou das articulações políticas daqueles dias sabe o que se passou. 
O denunciante era grande amigo do então presidente do partido, José Dirceu, e participara do sequestro do embaixador americano, em 1969, realizado pela guerrilha urbana para resgatar prisioneiros políticos como Wladimir Palmeira, José Dirceu e Gregório Bezerra, entre  outros. 
A segunda carta já lhe foi dirigida como Presidente da República. A missiva alertava-lhe que o então Ministro da Defesa, José Viegas, não falava lá muito a verdade ao dizer que o Estado brasileiro não possuía arquivos do regime militar.
O texto seguiu acompanhado de um calhamaço de relatórios militares e fotografias de mortos e prisioneiros do Araguaia.
Esta mensagem pública, de hoje, Presidente, pretende um apelo. O senhor já alcançou seu objetivo. Com origem operária, governou o país por dois mandatos. Fez sua sucessora. Mas, veja como se encontra nossa nação: após a queda de seis ministros, cinco deles, dos mais variados partidos, alvejados por denúncias de corrupção, e o outro, como fez parecer, por malcriação à Presidente. Agora, surgem denúncias contra o ministro da Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte. Ligado no passado e presente diretamente à Presidente da República.
Como se sabe, a trajetória desse ministro não é das mais queridas internamente no PT. Portanto, é provável que os petistas, com exceção da Presidente, defendam por pouco tempo o ministro hoje alvo da “mídia golpista”, segundo a linguagem atual de fanáticos e puxa-sacos, embora não chamem de golpista a Polícia Federal, responsável pela maioria das investigações contra autoridades públicas.
E essa “mídia golpista” e seus trabalhadores tratavam bem o PT, antes de ele chegar ao poder, ao contrário do que ocorria a outras agremiações de esquerda. Relacionavam-se normalmente com alguns de seus dirigentes, a exemplo de José Genoíno, hoje bastante magoado com a imprensa, após denúncias de 2005 que o atingiram enquanto presidente da legenda.
Na questão do Araguaia, por exemplo, Genoíno, embora ciente, nada fez para tirar restos mortais de seu antigo camarada, seu vice-presidente do DCE da Universidade Federal do Ceará, Bergson, entre outros ainda guardados, do armário do Ministério da Justiça, escondidos por uma pequena corja de Direitos Humanos, que pretendia condenar o Brasil na Corte Internacional da Organização dos Estados Americanos durante sua gestão, Presidente Lula.
E conseguiu seu intento, roubando a história gloriosa de revolucionários que, com erros e acertos, lutavam por liberdade. Roubo agora utilizado para maquiar a promiscuidade política que envolve setores da esquerda com os usurpadores de sempre.
O que desejam os líderes desses setores? Fazer de nossos sonhos respaldo para enriquecimentos individuais, em sua maioria, ilícitos? 
Lembro-me de Vladimir Palmeira na plenária do PT do Rio, no auditório da UERJ, durante a conturbada articulação com Garotinho: companheiro Lula, sou aliancista, mas o que se vê  nos noticiários a respeito da aliança pretendida por vocês, diria que isso não é aliança, é um cordão sanitário.
Pois foi com esse esse cordão, ou aliança, que amplos setores da esquerda chegaram ao poder. Pergunta-se para quê? Para a educação continuar com seus índices ladeira abaixo? Ou o saneamento básico e o esgoto estagnarem-se em patamares tão baixos como os dos mais pobres países? Para ver índios serem tratados com descaso sub-humano?
E, em meio a isso e outros desencantos, um ministro de Direitos Humanos, que mentira em sua gestão, sair do governo e ganhar anistia político-financeira tal como uma compensação pela perda do cargo?
Mentiras, mentiras. Aprendidas com mais afinco, pode-se ter certeza, com pessoas como Duda Mendonça. E foi a respeito dele que ocorreu uma de nossas conversas, aqui no Rio. O homem fizera uma propaganda de TV do partido mostrando ratos roendo a Bandeira do Brasil. Lembro-me de ter dialogado com a ex-governadora do Distrito Federal, Arlete Sampaio,  também chateada com aquela peça.
O afamado publicitário, defensor de rinha de galo e pescador de marlin, responsável pela campanha de Joaquim Roriz contra a reeleição de Cristovam Buarque em 1998, pregara, por exemplo, o programa Tolerância Zero, copiado dos Estados Unidos e usado por ele em outras campanhas no mesmo ano, como a do petista Jorge Viana, no Acre.
Antes, em 1996, Duda usara efeitos especiais para inventar um tal fura-fila, na campanha de Celso Pitta a prefeito de São Paulo.  E todos sabem no que deu.
Para não estender demais, pode-se dizer que as peças aqui citadas são despidas de ética.
É preciso respeitar os símbolos pátrios, como a tolerância, incluindo a do relacionamento com adversários políticos, é algo a se praticar diariamente. Filas, quando inevitáveis, devem ser respeitadas, como ensinou Florestan Fernandes durante seu tratamento de saúde no Hospital do Servidor, em São Paulo.
Ao retornar de uma viagem ao Araguaia, em novembro de 2001, após a Expedição Antígona, dirigida por seu advogado e deputado petista, Luiz Eduardo Greenhalgh, sugeri-lhe, que, se chegasse ao poder, e eu acreditava na sua vitória, observasse com carinho a região do Araguaia, em especial o sudeste do Pará. 
Encontrava-me ainda emocionada e espantada não apenas com a incrível memória social deixada pela guerrilha, como, também, por saber um pouco da incrível e assustadora riqueza em meio à carência quase absoluta de ações do Estado na região.
E é com profundo pesar que soube que a campanha pela divisão do Estado do Pará, em plebiscito deste domingo, é dirigida gratuitamente por Duda Mendonça. Eu, que até poucos dias atrás, defendia a divisão, por andar um pouco por aquele Estado, fiz como a Metamorfose Ambulante, do Raul Seixas, permiti-me mudar de opinião.
Apenas por ser esse homem o dirigente da campanha publicitária do Sim. Torço, agora, pelo Não, com as desculpas ao meu colega Val-André Mutram, jornalista, defensor da criação do Estado do Carajás. Val é “dissidente” político da família de libaneses, que fez da castanha-do-pará fonte de exploração e riqueza. Algumas daquelas antigas fazendas, hoje, produtoras de gado, foram adquiridas recentemente por Daniel Dantas.
Vale destacar que a área do Carajás é uma das mais ricas províncias minerais do planeta.
Todo o Estado do Pará é igualmente rico em água potável. Há pouco, descobriu-se um dos maiores aquíferos do mundo na região de Santarém. Abriga grandes e belos rios, como o Araguaia, Tocantins, Tapajós, e, entre outros, o Xingú, onde se constrói a polêmica hidrelétrica de Belo Monte.
Estas linhas solicitam-lhe, apenas, que aproveite sua respeitada liderança para alterar a ordem das coisas. Ajude os meninos das novas gerações a entender a nação e a natureza como o fez o cacique Seatlle, há mais de 150 anos, sempre lembrada por defensores da vida no planeta ao redor do mundo.
A unanimidade é burra, já dizia Nelson Rodrigues. Vê-se a intolerância até mesmo com artistas sempre amigos do PT por se manifestarem contra a grande obra no Pará. Em uma democracia, o debate e  a discordância de ideias devem ser a primeira regra de quem pensa ser esquerda. Do contrário, o senhor não teria governado o país. E o fez em campanhas pacíficas, após duas décadas em que militantes de esquerda, militares e  civis inocentes feneceram em resultado do desacordo ideológico naquele mundo então dividido pela guerra fria.
Queremos saber, como cidadãos de uma nação, o que ocorreu naqueles tempos, sem usurpações, ódios ou revanchismos tardios. Saber o se passou para melhor compreender os interesses que hoje dirigem o poder e a riqueza do Brasil.
A história não é estática, senhor Presidente, e o povo é, algumas vezes, cruel. Do que ele gosta hoje, muitas vezes deixa de gostar amanhã. Eleição é barganha. Vota-se, quando se é coerente, naquele que oferece mais qualidade de vida à população. Essa é a meta eleitoral nos países democráticos. Já para a história, o que importa é o comportamento. O restante some com a passagem do tempo.
Naquela primeira carta, comentei as palavras do Eclesiastes, quando diz que tudo na vida é vaidade, ou, ainda, "lembre-se de teu criador nos dias de sua mocidade".
Esperamos todos que sua sucessora encontre dias de paz em seu governo, pois, até o momento, o que se vê de "bom" são informações em torno de uma Comissão da Verdade, cujo nome já é, por si, arrogante, e antes de nascer, já estar envolvida por mentiras e hipocrisias, como temos mostrado neste blogue.
São situações, como agora as denúncias contra mais de 20 reitores de universidades, que, comprovadas, mostram inédita desfaçatez e tamanha cara de pau à solta no país, que nos deixam, no mínimo, vermelhos de vergonha.
Desejando-lhe boa e pronta recuperação, respeitosamente,

Myrian Luiz Alves
Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 2011
Dia Internacional dos Direitos Humanos

João Carlos, Adalgisa e sua filha, em São Domingos do Araguaia, em 2010. Lembranças e saudade dos antigos moradores, como sua família, das matas do Araguaia, entre eles, e, em especial, de Beto (Lucio Petit da Silva), do Dst A, irmão de Jaime e Lúcia Maria Petit, do Dst C. O marido de Adalgisa é um dos mais sofridos sobreviventes da prisão da base de Bacaba. Até o momento, nenhum centavo de indenização da Anistia lhe havia chegado. A anistia aos torturados daquele conflito somente foi incorporada à Comissão do Ministério da Justiça em 2008, dois anos após as duas primeiras indenizações serem concedidas a moradores.
 Os auto-defensores de DH entendiam que a anistia deve ser dirigida apenas a quem era ganizado. 
Adalgisa sente por não morar  mais na roça.  Em sua casa, na cidade, como em boa parte da região,  não há saneamento.  Ainda hoje, naquela imensa região, como já alertavam documentos guerrilheiros e  militares, entre 1972 e 1974, o Estado permanece ausente

Zebão


João Carlos





“Liberdade sem socialismo é privilégio, injustiça; socialismo sem 
liberdade é brutalidade e escravidão.”
(Bakunin)

Paramos às margens do Saranzal, na então divisa da área do Destacamento A com o B. Naquela missão éramos batedores do Nunes.Entrou no rio, com o leito seco, na época, ordenando que não olhássemos para onde ele ia. Assim que ele se afastou, debruçamo-nos para observar para onde ele se dirigia. Alguém se aproximou.
– Aquele cara parece com o Beto.
– Deve ser seu irmão, respondi.


Satisfeita nossa insubmissão à arrogância, nos sentamos.
– Sujeitinho metido, pimpão, e...
– É o tipo que o partido gosta, comentei.


Repentinamente, ele balançou a cabeça, tenso, olhou para mim e disparou.
– A ordem é quebrar seu espinhaço.


Resmungou qualquer coisa parecida a “isso estava me incomodando, agora é contigo”. Ele não me pediu discrição, seu rosto indicava ter-se livrado de um peso.


Como sempre, nos momentos de grande tensão, uma tranquilidade de nirvana me envolve e minha mente fica clara. Internamente, o tempo perde sua função.
– É isso mesmo, são ordens da Comissão Militar. Ele repetiu como se eu não tivesse entendido.
– Escutei, Zebão.


Percebi que a sua luta, entre a disciplina e a consciência, terminara, enquanto um turbilhão de eventos passava em minha cabeça.


Zebão, morto com Zé Carlos (André Grabois) e Alfredo (Antonio Alfredo Campos), em 14 de outubro de 1973, pelo grupo do então major Licio Ribeiro Maciel, guiado pelo minerador João Pereira, morador de Apinajés, em São João do Araguaia. No encontro com o grupo chefiado pelo comandante do Dst A, Zé Carlos, que abatera porcos a tiros, Nunes foi preso, ferido, e levado para a Casa Azul, dos oficiais, em Marabá, no DNER, onde faleceu. Se forem levada em consideração as novas informações levantadas pelo Grupo de Trabalho Tocantins (GTT), os corpos dos primeiros mortos da Operação Marajoara podem ter inaugurado o então novo cemitério da Cidade Nova, em Marabá, em terreno pertencente à Força Aérea 

Um guerrilheiro, diferentemente do soldado da tropa regular, deve ser criativo e ter iniciativa. Novato, ousei apontar a hipótese de erro em nossa cartilha militar. Fui para o limbo.


Num partido stalinista, quem ocupa posição de comando hierárquico “não comete erro”. A autocrítica, uma balela, funciona apenas para os que estão abaixo na hierarquia. 


Semelhante a um ato de humilhação, era usada de maneira oportunista como necessidade da disciplina naquele enfrentamento à ditadura militar.


Se há resistência, dá-se tarefas secundárias, vigiadas e sob controle. Ainda na cidade, vi isso acontecer algumas vezes. Agora, ocorria comigo. Não querendo prejudicar a relação entre os camaradas, e generalizar a quebra da disciplina, não reclamava. Nas raras reuniões, e em público, nunca numa conversa a dois, externava minha opinião e ficava sem resposta razoável.


Beto e Jaime, Lucio e Jaime Petit da Silva. Preso em abril de 1974, Beto (Dst A) pode ter sido levado para Brasília. Era "quadro" importante do partido. Percorria universidades pelo interior paulista à procura de novos militantes. Jaime  (Dst C) foi morto em dezembro de 1973. Contaremos em 
mais detalhes um pouco da história dos irmãos da Engenharia de Itajubá (MG)

Numa ocasião, fiquei de sentinela durante vinte e quatro horas. Ao voltar pela manhã foi ridículo o proposital ar de “não sentimos sua falta”. Era um desperdício e uma falha, depois de quatro horas ninguém fica concentrado para observar sinais de perigo. Eu era atleta, e havia me destacado como o melhor das olímpíadas da universidade. Atirava bem e me deslocava dentro da mata com velocidade considerável.


As estranhas ordens, como a de que eu me afastasse quinhentos metros, e testar a velha metralhadora INA, engasgada com uma bala no cano, só não provocou um acidente porque eu sabia que ela falhara na mão do Lauro, e a vistoriei.


Ao retornar, falei que tinha disparado sem problemas, e algumas caras ficaram apalermadas. Ou ainda, a ordem de mandar secar, numa fogueira, uns vinte quilos de pólvora úmida numa panela que explodiu na minha cara. No reflexo, pulei para trás quando apareceu um lindo rubro no meio da panela. Eram ordens desconexas, com claras intenções.


Pensava, com otimismo, que no processo de derrotar a ditadura militar, o stalinismo não vingaria no espírito brasileiro. Errei redondamente e ao quadrado e de todas as formas. Ele não admite sonhadores, mas convive confortavelmente com ladrões. Que vergonha e tristeza, camarada, o que estes corruptos estão fazendo com a nossa herança histórica.


Continuei com a tola esperança de que a necessidade da sobrevivência das nossas forças nos colocaria na correnteza das estratégias e táticas corretas, e os obrigaria a navegar no curso certo para formar um Exército Popular e vencermos. Estava enganado, a teimosia e a vaidade foram maiores.


A notícia não deixava margem de dúvidas à minha marginalização.
– Sabia que estava na ordem do dia, mas não de forma tão explícita, foi dada assim na bucha, sem nenhum comentário?
– Dessa forma, respondeu, e encerramos o assunto.


Tenho orgulho da dívida de gratidão com essa pessoa correta. Para exemplificar, fizemos uma semana de treinamento em vários tipos de ações necessária em uma guerrilha. 


Orientação, emboscada, fustigamento, armadilhas, etc. Havia rodízio no comando dessas ações, e o escalado quase sempre escolhia o Zebão para sub-comandante.


Foi o primeiro companheiro que conheci na Bacaba. Era fim da tarde quando chegou conduzindo duas mulas. Calmo, cumprimentou-me e se apresentou.
– Zebão.
– Como é que é?


Ele repetiu sorrindo sem dar explicações, e acrescentou que iria cortar umas canas para os animais.
– Você gosta deles? Perguntei quase afirmando, enquanto o ajudava.
– Odeio, respondeu com a calma peculiar. Rimos sem parar por uns bons momentos. 


Landinho se aproximou curioso. Como ele dava a uma galinha zarolha o milho que ela não conseguia bicar,  chamando-a carinhosamente por Tui...tui, repeti a pergunta feita a 


Zebão achando encontrar compreensão para aqueles úteis animais. Ele praguejou e xingou com mais veemência ainda, alertando-me para não confiar naqueles sonsos.
– Eles quase me mataram de raiva quando passei seis meses carregando material de Mato Grosso até Goiás. O sotaque do interior paulista se acentuou e nossas risadas aumentaram.

João Gualberto Calatroni, de família de ferroviários, contava histórias de luta em Cachoeiro de Itapemirim. Nas esquinas do universo ainda nos encontraremos. A existência acaba, no entanto, a vida é incriada sem princípio nem fim.
Até lá e que seu bom carma o proteja, com a boa sorte que mereces.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Brasileiros se encontram na história



João Carlos



A Pátria, de Pedro Bruno* 
(1918, Museu da República, Rio de Janeiro)

Na Ilha de Paquetá, vizinho d’água, conheci histórias do mar.

Onde terminam as tolas ambições, no cemitério, entre espécies de árvores imponentes e bonitas, sem ar de tristeza e com mangas deliciosas, sempre objeto de desejo da gurizada, em bandos o invadíamos, passando com admiração e certo encantamento, ao largo do belo e misterioso monumento de navio logo na entrada.


Ocupa um espaço de uns dez metros quadrados, com ares de epopeia. Entre o real e o fantástico, com chaminé, mastros, âncoras, cordas e demais apetrechos trabalhados com gosto e refinamento, continua solitário.

Várias histórias foram criadas. A de maior credibilidade, um naufrágio. Mas como um navio grande, com ares de uma fragata de guerra, uma embarcação daquele porte, afundaria nas plácidas ondas da baia da Guanabara?


Monumento à Revolta da Armada (1893), no campo santo de Paquetá. Idealizado por Pedro Bruno, em 1912, quando os revoltosos da Chibata, de 1910, começavam a sair das prisões.
  O cinzel do artista inscreveu dedicatória à Revolta da Armada, sem a nomear: 


 1893  
ABNEGADOS NA VIDA E VALOROSOS NA MORTE
                                HOMENAGEM DOS SEUS COMPANHEIROS DA MARINHA
                                                                               1912                                   

Ainda menino, voltava, certa vez, com meu pai sempre elegante, terno e chapéu panamá, de uma de suas idas ao centro do Rio de Janeiro. Na Praça XV, meu olhar curioso ainda se agradava com o movimento dos bondes, quando ele estancou perto da estação das barcas.

Sentado nos degraus da imponente construção de 1835, havia um senhor escuro, semblante duro, firme e tranquilo. Impressionou-me meu pai curvar-se cortesmente e murmurar-lhe palavras que eu não entendi. Maior ainda foi a surpresa ao ver o outro menear a cabeça durante algum tempo, até consentir em aceitar um maço de notas passado com discrição.

Inquieto, sem chance nem tempo para compreender o que se passava, fui conduzido pela mão firme e forte de meu pai para a barca.





Ao sentarmos,  meu pai, com um leve sorriso nos lábios, observou a excitação que via em meus olhos, e murmurou um nome - João Cândido.


- Parente do vovô? Exclamei admirado.


Por coincidência, o pai da minha mãe, um dos fundadores do Sindicato dos Estivadores do Rio de Janeiro, chamava-se Adriano Cândido de Campos.


 Ele sorriu novamente. – Não.

Na viagem, ouvi a história da Revolta da Chibata. Meu pai, nascido e criado no Caju, em meio ao porto, indústria, barcos de pesca e tudo que vem junto, narrava fatos com detalhes que ficaram gravados na minha memória. Dali em diante prestei atenção a tudo que fosse ligado ao fato.


Durante o movimento dos marinheiros, em março de 1964, convocaram o velho Almirante Negro. Ele foi direto e sucinto.


- Revolta de marinheiro é no mar. 


Sugeri seu nome para a base fundada na faculdade, e foi vetado.    
                   

O mausoléu misterioso de Paquetá é um dos muitos legados de Pedro Bruno, que, passeando pacato pelas ruas, realizava feitos grandiosos sem incomodar ninguém. 

Comprava pássaros presos nas gaiolas dos meninos, levava-os à sua casa, e, longe de olhos alheios, soltava os animais e quebrava suas prisões.




Cemitério dos Pássaros de Paquetá, obra de Pedro Bruno. Único no mundo, sua parede frontal exibe poesias de todos os tempos, dedicadas à liberdade e beleza das aves do Brasil


Designado pelo prefeito, dr. Pedro Ernesto, sem remuneração, ele administrou a Ilha, e por extensão o cemitério, não permitindo túmulos suntuosos para não fazer distinção entre pobres e ricos. Por paixão aos seres alados, criou na área vizinha ao campo santo, outro dedicado somente a eles, algo sem paralelo no mundo.



Acredito em sonhos à maneira encontrada pelo espírito generoso do escultor para homenagear, bem ao seu gosto, os que lutaram, por dignidade no trabalho e melhores condições sociais, como os heroicos marinheiros daquelas revoltas, numa obra sem nome.

Mas não desejo o mesmo anonimato aos meus companheiros.


Serra das Andorinhas, em são Geraldo (PA), vista de Xambioá (TO)
Palco da Guerrilha (1972-1975), habitada antigamente por povos que deixaram rastros de sua existência em pinturas e cerâmicas, abriga uma das mais ricas biodiversidades biológicas do país. Possui 292 cavidades geológicas, entre elas 26 cavernas e 36 grutas 

No Araguaia, fui a alguns lugares onde provavelmente devem estar os corpos dos companheiros, como no cemitério de Xambioá, no qual alguns camaradas foram sepultados em público e, outros, com mais reserva, como já se comprovou até o momento. 

Embora Maria Lucia Petit e Bergson Gurjão Farias tenham sido identificados, outros restos mortais foram retirados dali e de área de reserva indígena, próxima aos locais de passagem ou de divisa dos três destacamentos. Sob outros interesses, jazem há anos, em Brasília.

O que impediria saber o destino dos mortos?
                                 
A guerra é o pior acontecimento da humanidade, sempre feia e horrível. Alguns conseguem manter a dignidade.

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* Pedro Paulo Bruno (Paquetá, 14 de outubro de 1888 – Rio de Janeiro, 2 de fevereiro de 1949). Pintor, cantor, poeta e paisagista brasileiro. Sua obra A Pátria, de 1918, que retrata a bandeira do Brasil sendo bordada no seio de uma família, figurou no verso da nota de duzentos mil cruzeiros.

domingo, 27 de novembro de 2011

O que desejam os vampiros da história do Brasil?


Myrian Luiz Alves



Área da Base Militar de Xambioá (TO). Como na base Bacaba, no Km 68 da Transamazônica,
 o 52º  BIS, na mesma rodovia, e a Casa Azul, em Marabá, a base  à beira do Araguaia, seria o destino de mais de  23 prisioneiros "desaparecidos"? E Brasília?


Além do dinheiro, benesses, status e, é claro, poder, o que querem afinal os vampiros de direitos humanos?

No dia 24 de novembro, matéria da Carta Maior mostra claramente suas atuais “insatisfações”. Não querem uma “comissão possível”, querem disputá-la.

Uma das entrevistadas na reportagem da agência de notícias, Yara Xavier, levou, em 1996 ou 1997, então “voluntária” da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos, um osso da perna de um de seus irmãos ao Instituto de Criminalística (IC) do Distrito Federal.

Queria que o instituto identificasse o irmão, nunca “desaparecido”.

Surpresos, os médicos legistas perguntaram-lhe se havia processo a respeito ou o que ela fazia com aquele osso.

 – Mas há processo, é de desaparecido?
 – Não, é de meu irmão.
 - Então, minha senhora, retire-se, por favor.

Retirou-se, mas o osso ali permaneceu. Isso, vejam, ocorreu após Yara também ter pressionado legistas da Capital a alterarem o laudo original a respeito da causa de morte do capitão Lamarca, exumado em Salvador, sem nunca ter sido considerado desaparecido.

Até o momento, não se sabe exatamente as razões para a exumação do capitão, ocorrida em 1996, curiosamente, após trabalhos de escavaçõs e retiradas de restos mortais no sudeste do Pará, em meio à publicação da série de reportagens Dossiê Araguaia, de O Globo.

Segundo um dos legistas, especialista em DNA, Yara Xavier queria que o novo laudo contraditasse o de 1971 e apontasse arma branca para a morte do Capitão. O resultado não foi o pretendido, Carlos Lamarca morreu, contou-me seu filho César, alvejado por tiros, como já dizia o laudo original, alguns acertados, diz César, propositalmente nos locais onde se alojam, nas fardas, as patentes militares.

Nunca mais Yara voltaria ao IC. Ao localizar, depois de cinco anos de abandono de caixas de papelão com restos mortais do Araguaia, no edifício da Polícia Federal de Brasília, como já contamos, cuja responsável “pelos ossos” , no dizer de Nilmário Miranda, seria Yara Xavier, descobrimos que havia, no IC, um osso de perna de um dos irmãos de Yara e coleta de sangue da família Haas.

Como também já afirmamos, a transferência de caixas para um laboratório foi negada pela comissão, em 2001, à Câmara dos Deputados. Entretanto, divulgadas as fotografias dos corpos retirados do Araguaia, em especial do corpo X-2, muitas matérias foram publicadas na imprensa. Em 2006, a mesma senhora seguiu a vários estados do país colhendo sangue de mães idosas, retornando com as amostras em sua bolsa, supostamente para Brasília.

Tudo feito de maneira irregular, sem cadeia de custódia (acompanhamento pericial, ou, a legalidade da criminalística para identificações humanas), enquanto famílias ficaram por anos aguardando que a irresponsável comissão especial identificasse seus parentes.


 Área do 52º Batalhão de Infantaria de Selva,  
no Km 8 da Transamazônica

Até alguns anos atrás, ninguém havia se tocado que o objetivo de algumas dessas representantes de “direitos humanos” era ganhar tempo para levar o Brasil a uma condenação na Organização dos Estados Americanos (OEA), ou, que, finalmente, tentassem enganar o país criando uma comissão, nos moldes de outros países – que optaram por processos e não por indenizações antecipadas a estes, como ocorreu no Brasil -, da qual pretendem ser as julgadoras ou “nomear” os julgadores.

Resta saber até onde vai a paciente boa vontade da Presidente da República.

Também nos últimos dias, o fato de o cerimonial da Presidência ter alterados nomes de quem iria discursar na solenidade em que foi sancionada a Comissão da Verdade, provocou a reclamação do mesmo grupo de direitos humanos em uma série de notas e matérias de jornais.

Alguns podem ser levados a crer ser isso de fundamental importância.

E é. Mostra que essas pessoas não têm limites. Querem que a Justiça, o Executivo e o Legislativo façam exatamente o que elas querem. Após ganhar indenizações individuais que, em alguns casos, ultrapassam 1 milhão de reais, após mais de 30 anos de anistia política, querem “justiça”.

Qual justiça, qual verdade?

Querem desmoralizar o Brasil, as Forças Armadas e, até mesmo, a Ministra dos Direitos Humanos e a Presidente?

Desde 1993 essas pessoas têm em mãos documentos que poderiam ajudar a esclarecer fatos, como no caso Hélio Luiz Navarro Magalhães, o Edinho, do Destacamento A das Forças Guerrilheiras do Araguaia (Foguera).

Além de não divulgarem esses e outros esclarecimentos relevantes, demostram raiva, como em outras pesquisas e investigações, aos que querem saber o que teria acontecido ao rapaz, filho de almirante.

Os pesquisadores do Grupo de Trabalho Tocantins (GTT), por exemplo, sugeriram, em 2010, a investigação do caso Edinho, entre outros, prontamente aceita pelo Ministério da Defesa e juíza federal Solange Salgado, autora da sentença Araguaia.

Como de outras vezes em que o caso é citado, representantes de “direitos humanos”, sempre do mesmo grupinho, criticaram, em matéria da revista IstoÉ, a decisão da Defesa e do Poder Judiciário, pela aprovação e investigação.

Já em 1993, se tivessem ciência do conteúdo do relatório oficial da Marinha, não socializado por esse grupo, os que são de fato representantes de direitos humanos poderiam ter exigido maiores informações daquela força – de onde tiraram os dados? – e, a partir daí, poderiam ter divulgado nacionalmente a máxima da barbárie.

Afinal, se o guerrilheiro, preso, após ser ferido na perna, foi executado, seu pai, um almirante, deveria ser julgado in memoriam por corte marcial e ser expulso da corporação, como ocorre em qualquer país civilizado quando se tem ciência de execuções premeditadas de prisioneiros de guerra, seja ela interna ou externa.

Ainda, se estiver vivo, é preciso todo o esforço para localizá-lo. É importante reafirmar: a maioria quer o recontar honesto da história e a apuração, principalmente, da conduta de servidores pagos com o dinheiro público em missão oficial. Hélio Navarro, vivo, seria testemunha fundamental dos acontecimentos que envolveram seus companheiros aprisionados e o que se passava na região da guerrilha nos primeiros meses de 1974.

Por fim, assistindo por anos a fio a esse “enrolamento” do esclarecer dos fatos, aumenta, a cada dia, a curiosidade em saber como essas pessoas que tentam substituir o que interessa à história do país por egoísmos medíocres, e, infelizmente, ludibriando há anos alguns parentes de mortos do regime militar, conseguem ter, neste momento, tanto poder e espaço.

Mais uma vez, entretanto, jornalistas apresentam matérias contundentes, como faz Leonel Rocha neste fim de semana na revista Época. Em sua reportagem, apresenta documentos da Marinha.

Em 2009, a mesma revista publicou extensa reportagem de Matheus Leitão a respeito de Hélio Navarro. Tema também tratado em matérias de Hugo Studart e de Euler Belém, do jornal Opção, entre outros pesquisadores de nossa história.

Relatórios do Cento de Inteligência do Exército (CIE), FAB e Marinha, a respeito de Hélio Navarro Magalhães, recebidos em 1993 pelo Ministro da Justiça. Os textos dos relatórios estão como na grafia original.

Helio Luiz Navarro de Magalhães - Edinho
Filho de Hélio Gerson Menges de Magalhães e de Carmen Navarro de Magalhães, nascido em 23 Nov 49, no RIO DE JANEIRO/RJ.
Militante do PCdoB, utilizava-se do codinome “RUI”.
De acordo com o depoimento de JOSÉ ROBERTO BRANDE LUNA, foi um dos militantes do PCdoB deslocado para a região de XAMBIOÁ/GO, no início de 1971 (CIE).

Militante do PCdoB e guerrilheiro no Araguaia. Segundo o noticiário de imprensa nos últimos 18 anos e documentos de entidades de defesa dos direitos humanos, teria sido morto ou desaparecido no Araguaia. Não há dados que comprovem essa versão (FAB).

- FEV/74, foi preso gravemente ferido, como terrorista, na região “chega com jeito”, portando um fuzil metralhadora adaptado cal. 38, um revólver cal. 38 e uma cartucheira com 36 cartuchos.
- FEV/74, filho do Comte. HELIO GERSON MENEZES MAGALHÃES, foi preso após ter sido ferido. Possibilidades de sobrevivência desconhecidas.

- NOV/74, relacionado entre os que estiveram ligados à tentativa de implantação de guerrilha rural, levada a efeito pelo comitê central do PCdoB, em Xambioá. Morto em 14 MAR 74 (MAR).

Outras informações aumentam 
o mistério de Edinho

Em 2006, o ex-soldado Raimundo Pereira de Mello reconheceu Edinho como um dos filhos do sargento Santa Cruz, que morava com a família em dependências da base de Bacaba, no Km 68 da Transamazônica. Ao olhar a fotografia do ex-guerrilheiro, Raimundo contou ter feito “escolta” ao “filho diferente” de Santa Cruz durante um fim de semana na praia de Tucunaré, em Marabá, às margens do Rio Tocantins. Afirmou nunca esquecer aquela ordem a ele e seus colegas que se perguntavam: por que temos de fazer escolta ao filho do sargento?

Depoimento de 1994 do morador de São Domingos do Araguaia, ex-guia José Veloso, aos pesquisadores da Universidade Federal de Goiás, Romualdo Pessoa Campos Filho e  Giovane Felipe, registra o prisioneiro Edinho: “um rapaz bem alvo, um rapazinho bem aparecido. Estava fazendo vestibular para Medicina. Era do Rio. O Exército tratava ele bem. Ficou um bocado de tempo na Bacaba. O Exército tava dando muito apoio a ele, davam coturno pra ele novinho e...tratavam ele bem.”

A dirigente comunista Elza Monerat afirmou diversas vezes, como fez em 2001, em sua casa no interior fluminense, durante uma visita de parentes de Libero Giancarlo Castiglia e esta pesquisadora, ter topado com Edinho no centro do Rio de Janeiro, no início dos anos 80. Ao reconhecê-lo, numa virada de esquina, ele  teria percebido e acelerado o passo. Bem mais jovem do que ela, sumiu rapidamente de sua vista.

Em meados dos anos 2000, Elio Gaspari publicou artigo dizendo que nos primeiros meses de 1974, um “espécime” de guerrilheiro teria sido levado aos burocratas em Brasília. O artigo, intitulado deluciopetit@araguaia.edu, não esclarecia, porém, de quem se tratava e o que lhe teria ocorrido.

No mesmo período, em reunião com familiares na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, coordenada pelo deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, fiz comentários sobre o artigo, que me pareceu revelador, mas com palavreado estranho, como o tratamento “espécime”, e a não revelação do que poderia ter acontecido com o guerrilheiro em Brasília. Sugeri, então, que se buscasse informações com o autor, Elio Gaspari. Imediatamente, Suzana Lisboa, representante de familiares, embora sem nenhuma ligação com o Araguaia, afirmou que já havia conversado com o jornalista, que lhe respondera: “morreu”.

Misteriosos poderes sustentam
 enganadores de direitos humanos

Como mostra a matéria de Euler Belém (link abaixo), impressiona o poder dessa também representante de direitos humanos, uma das responsáveis, como Yara Xavier e Criméia Schmidt, então assistente de Suzana para assuntos do Araguaia, cargo inexistente segundo as regras do serviço público - que também proíbe o trabalho voluntário, principalmente no acompanhamento de documentos e processos -, pelo abandono de restos mortais em Brasília, e pelo que deve ser feito ou de que forma devem ser feitas investigações sobre o período do regime militar.

Nunca satisfeita em seus desejos, ao ser criada a comissão interministerial, composta por cinco ministérios, incluindo a Secretaria de Direito Humanos, Casa Civil e Defesa, para começar a ouvir militares por conta da sentença sobre a Guerrilha do Araguaia, Suzana afirmou, em matéria de 2003, em O Globo : “Lula fez pacto com os militares”.

No entanto, aproveitando-se naquele momento da formação da comissão, alguém da SEDH seguiu até Xambioá e “devolveu”, nas mãos de um coveiro, sem mostrar nenhum documento de autoridade local, ou nacional, e sem se identificar, alguns restos mortais então omitidos no armário da comissão especial, da SEDH.

Em 2011, o mesmo grupo recarregou-se de poder, nos bastidores do Planalto, para mandar e desmandar na forma de cumprimento da sentença da OEA. Antes mesmo de aprovação da Comissão da Verdade pelo Congresso, já obtinha autorização oficial para vasculhar arquivos ainda sigilosos para “subsidiar” a Comissão da Verdade.

Hoje, domingo, 27 de novembro, matéria em O Globo mostra nova pressão dessas militantes. Querem a indicação de Yara Xavier para a Comissão da Verdade (link abaixo). 

Para vampirizar quem desta vez?


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Links para as matéria citadas:


O Globo, matéria de Evandro Éboli