domingo, 27 de novembro de 2011

O que desejam os vampiros da história do Brasil?


Myrian Luiz Alves



Área da Base Militar de Xambioá (TO). Como na base Bacaba, no Km 68 da Transamazônica,
 o 52º  BIS, na mesma rodovia, e a Casa Azul, em Marabá, a base  à beira do Araguaia, seria o destino de mais de  23 prisioneiros "desaparecidos"? E Brasília?


Além do dinheiro, benesses, status e, é claro, poder, o que querem afinal os vampiros de direitos humanos?

No dia 24 de novembro, matéria da Carta Maior mostra claramente suas atuais “insatisfações”. Não querem uma “comissão possível”, querem disputá-la.

Uma das entrevistadas na reportagem da agência de notícias, Yara Xavier, levou, em 1996 ou 1997, então “voluntária” da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos, um osso da perna de um de seus irmãos ao Instituto de Criminalística (IC) do Distrito Federal.

Queria que o instituto identificasse o irmão, nunca “desaparecido”.

Surpresos, os médicos legistas perguntaram-lhe se havia processo a respeito ou o que ela fazia com aquele osso.

 – Mas há processo, é de desaparecido?
 – Não, é de meu irmão.
 - Então, minha senhora, retire-se, por favor.

Retirou-se, mas o osso ali permaneceu. Isso, vejam, ocorreu após Yara também ter pressionado legistas da Capital a alterarem o laudo original a respeito da causa de morte do capitão Lamarca, exumado em Salvador, sem nunca ter sido considerado desaparecido.

Até o momento, não se sabe exatamente as razões para a exumação do capitão, ocorrida em 1996, curiosamente, após trabalhos de escavaçõs e retiradas de restos mortais no sudeste do Pará, em meio à publicação da série de reportagens Dossiê Araguaia, de O Globo.

Segundo um dos legistas, especialista em DNA, Yara Xavier queria que o novo laudo contraditasse o de 1971 e apontasse arma branca para a morte do Capitão. O resultado não foi o pretendido, Carlos Lamarca morreu, contou-me seu filho César, alvejado por tiros, como já dizia o laudo original, alguns acertados, diz César, propositalmente nos locais onde se alojam, nas fardas, as patentes militares.

Nunca mais Yara voltaria ao IC. Ao localizar, depois de cinco anos de abandono de caixas de papelão com restos mortais do Araguaia, no edifício da Polícia Federal de Brasília, como já contamos, cuja responsável “pelos ossos” , no dizer de Nilmário Miranda, seria Yara Xavier, descobrimos que havia, no IC, um osso de perna de um dos irmãos de Yara e coleta de sangue da família Haas.

Como também já afirmamos, a transferência de caixas para um laboratório foi negada pela comissão, em 2001, à Câmara dos Deputados. Entretanto, divulgadas as fotografias dos corpos retirados do Araguaia, em especial do corpo X-2, muitas matérias foram publicadas na imprensa. Em 2006, a mesma senhora seguiu a vários estados do país colhendo sangue de mães idosas, retornando com as amostras em sua bolsa, supostamente para Brasília.

Tudo feito de maneira irregular, sem cadeia de custódia (acompanhamento pericial, ou, a legalidade da criminalística para identificações humanas), enquanto famílias ficaram por anos aguardando que a irresponsável comissão especial identificasse seus parentes.


 Área do 52º Batalhão de Infantaria de Selva,  
no Km 8 da Transamazônica

Até alguns anos atrás, ninguém havia se tocado que o objetivo de algumas dessas representantes de “direitos humanos” era ganhar tempo para levar o Brasil a uma condenação na Organização dos Estados Americanos (OEA), ou, que, finalmente, tentassem enganar o país criando uma comissão, nos moldes de outros países – que optaram por processos e não por indenizações antecipadas a estes, como ocorreu no Brasil -, da qual pretendem ser as julgadoras ou “nomear” os julgadores.

Resta saber até onde vai a paciente boa vontade da Presidente da República.

Também nos últimos dias, o fato de o cerimonial da Presidência ter alterados nomes de quem iria discursar na solenidade em que foi sancionada a Comissão da Verdade, provocou a reclamação do mesmo grupo de direitos humanos em uma série de notas e matérias de jornais.

Alguns podem ser levados a crer ser isso de fundamental importância.

E é. Mostra que essas pessoas não têm limites. Querem que a Justiça, o Executivo e o Legislativo façam exatamente o que elas querem. Após ganhar indenizações individuais que, em alguns casos, ultrapassam 1 milhão de reais, após mais de 30 anos de anistia política, querem “justiça”.

Qual justiça, qual verdade?

Querem desmoralizar o Brasil, as Forças Armadas e, até mesmo, a Ministra dos Direitos Humanos e a Presidente?

Desde 1993 essas pessoas têm em mãos documentos que poderiam ajudar a esclarecer fatos, como no caso Hélio Luiz Navarro Magalhães, o Edinho, do Destacamento A das Forças Guerrilheiras do Araguaia (Foguera).

Além de não divulgarem esses e outros esclarecimentos relevantes, demostram raiva, como em outras pesquisas e investigações, aos que querem saber o que teria acontecido ao rapaz, filho de almirante.

Os pesquisadores do Grupo de Trabalho Tocantins (GTT), por exemplo, sugeriram, em 2010, a investigação do caso Edinho, entre outros, prontamente aceita pelo Ministério da Defesa e juíza federal Solange Salgado, autora da sentença Araguaia.

Como de outras vezes em que o caso é citado, representantes de “direitos humanos”, sempre do mesmo grupinho, criticaram, em matéria da revista IstoÉ, a decisão da Defesa e do Poder Judiciário, pela aprovação e investigação.

Já em 1993, se tivessem ciência do conteúdo do relatório oficial da Marinha, não socializado por esse grupo, os que são de fato representantes de direitos humanos poderiam ter exigido maiores informações daquela força – de onde tiraram os dados? – e, a partir daí, poderiam ter divulgado nacionalmente a máxima da barbárie.

Afinal, se o guerrilheiro, preso, após ser ferido na perna, foi executado, seu pai, um almirante, deveria ser julgado in memoriam por corte marcial e ser expulso da corporação, como ocorre em qualquer país civilizado quando se tem ciência de execuções premeditadas de prisioneiros de guerra, seja ela interna ou externa.

Ainda, se estiver vivo, é preciso todo o esforço para localizá-lo. É importante reafirmar: a maioria quer o recontar honesto da história e a apuração, principalmente, da conduta de servidores pagos com o dinheiro público em missão oficial. Hélio Navarro, vivo, seria testemunha fundamental dos acontecimentos que envolveram seus companheiros aprisionados e o que se passava na região da guerrilha nos primeiros meses de 1974.

Por fim, assistindo por anos a fio a esse “enrolamento” do esclarecer dos fatos, aumenta, a cada dia, a curiosidade em saber como essas pessoas que tentam substituir o que interessa à história do país por egoísmos medíocres, e, infelizmente, ludibriando há anos alguns parentes de mortos do regime militar, conseguem ter, neste momento, tanto poder e espaço.

Mais uma vez, entretanto, jornalistas apresentam matérias contundentes, como faz Leonel Rocha neste fim de semana na revista Época. Em sua reportagem, apresenta documentos da Marinha.

Em 2009, a mesma revista publicou extensa reportagem de Matheus Leitão a respeito de Hélio Navarro. Tema também tratado em matérias de Hugo Studart e de Euler Belém, do jornal Opção, entre outros pesquisadores de nossa história.

Relatórios do Cento de Inteligência do Exército (CIE), FAB e Marinha, a respeito de Hélio Navarro Magalhães, recebidos em 1993 pelo Ministro da Justiça. Os textos dos relatórios estão como na grafia original.

Helio Luiz Navarro de Magalhães - Edinho
Filho de Hélio Gerson Menges de Magalhães e de Carmen Navarro de Magalhães, nascido em 23 Nov 49, no RIO DE JANEIRO/RJ.
Militante do PCdoB, utilizava-se do codinome “RUI”.
De acordo com o depoimento de JOSÉ ROBERTO BRANDE LUNA, foi um dos militantes do PCdoB deslocado para a região de XAMBIOÁ/GO, no início de 1971 (CIE).

Militante do PCdoB e guerrilheiro no Araguaia. Segundo o noticiário de imprensa nos últimos 18 anos e documentos de entidades de defesa dos direitos humanos, teria sido morto ou desaparecido no Araguaia. Não há dados que comprovem essa versão (FAB).

- FEV/74, foi preso gravemente ferido, como terrorista, na região “chega com jeito”, portando um fuzil metralhadora adaptado cal. 38, um revólver cal. 38 e uma cartucheira com 36 cartuchos.
- FEV/74, filho do Comte. HELIO GERSON MENEZES MAGALHÃES, foi preso após ter sido ferido. Possibilidades de sobrevivência desconhecidas.

- NOV/74, relacionado entre os que estiveram ligados à tentativa de implantação de guerrilha rural, levada a efeito pelo comitê central do PCdoB, em Xambioá. Morto em 14 MAR 74 (MAR).

Outras informações aumentam 
o mistério de Edinho

Em 2006, o ex-soldado Raimundo Pereira de Mello reconheceu Edinho como um dos filhos do sargento Santa Cruz, que morava com a família em dependências da base de Bacaba, no Km 68 da Transamazônica. Ao olhar a fotografia do ex-guerrilheiro, Raimundo contou ter feito “escolta” ao “filho diferente” de Santa Cruz durante um fim de semana na praia de Tucunaré, em Marabá, às margens do Rio Tocantins. Afirmou nunca esquecer aquela ordem a ele e seus colegas que se perguntavam: por que temos de fazer escolta ao filho do sargento?

Depoimento de 1994 do morador de São Domingos do Araguaia, ex-guia José Veloso, aos pesquisadores da Universidade Federal de Goiás, Romualdo Pessoa Campos Filho e  Giovane Felipe, registra o prisioneiro Edinho: “um rapaz bem alvo, um rapazinho bem aparecido. Estava fazendo vestibular para Medicina. Era do Rio. O Exército tratava ele bem. Ficou um bocado de tempo na Bacaba. O Exército tava dando muito apoio a ele, davam coturno pra ele novinho e...tratavam ele bem.”

A dirigente comunista Elza Monerat afirmou diversas vezes, como fez em 2001, em sua casa no interior fluminense, durante uma visita de parentes de Libero Giancarlo Castiglia e esta pesquisadora, ter topado com Edinho no centro do Rio de Janeiro, no início dos anos 80. Ao reconhecê-lo, numa virada de esquina, ele  teria percebido e acelerado o passo. Bem mais jovem do que ela, sumiu rapidamente de sua vista.

Em meados dos anos 2000, Elio Gaspari publicou artigo dizendo que nos primeiros meses de 1974, um “espécime” de guerrilheiro teria sido levado aos burocratas em Brasília. O artigo, intitulado deluciopetit@araguaia.edu, não esclarecia, porém, de quem se tratava e o que lhe teria ocorrido.

No mesmo período, em reunião com familiares na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, coordenada pelo deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, fiz comentários sobre o artigo, que me pareceu revelador, mas com palavreado estranho, como o tratamento “espécime”, e a não revelação do que poderia ter acontecido com o guerrilheiro em Brasília. Sugeri, então, que se buscasse informações com o autor, Elio Gaspari. Imediatamente, Suzana Lisboa, representante de familiares, embora sem nenhuma ligação com o Araguaia, afirmou que já havia conversado com o jornalista, que lhe respondera: “morreu”.

Misteriosos poderes sustentam
 enganadores de direitos humanos

Como mostra a matéria de Euler Belém (link abaixo), impressiona o poder dessa também representante de direitos humanos, uma das responsáveis, como Yara Xavier e Criméia Schmidt, então assistente de Suzana para assuntos do Araguaia, cargo inexistente segundo as regras do serviço público - que também proíbe o trabalho voluntário, principalmente no acompanhamento de documentos e processos -, pelo abandono de restos mortais em Brasília, e pelo que deve ser feito ou de que forma devem ser feitas investigações sobre o período do regime militar.

Nunca satisfeita em seus desejos, ao ser criada a comissão interministerial, composta por cinco ministérios, incluindo a Secretaria de Direito Humanos, Casa Civil e Defesa, para começar a ouvir militares por conta da sentença sobre a Guerrilha do Araguaia, Suzana afirmou, em matéria de 2003, em O Globo : “Lula fez pacto com os militares”.

No entanto, aproveitando-se naquele momento da formação da comissão, alguém da SEDH seguiu até Xambioá e “devolveu”, nas mãos de um coveiro, sem mostrar nenhum documento de autoridade local, ou nacional, e sem se identificar, alguns restos mortais então omitidos no armário da comissão especial, da SEDH.

Em 2011, o mesmo grupo recarregou-se de poder, nos bastidores do Planalto, para mandar e desmandar na forma de cumprimento da sentença da OEA. Antes mesmo de aprovação da Comissão da Verdade pelo Congresso, já obtinha autorização oficial para vasculhar arquivos ainda sigilosos para “subsidiar” a Comissão da Verdade.

Hoje, domingo, 27 de novembro, matéria em O Globo mostra nova pressão dessas militantes. Querem a indicação de Yara Xavier para a Comissão da Verdade (link abaixo). 

Para vampirizar quem desta vez?


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Links para as matéria citadas:


O Globo, matéria de Evandro Éboli

Emoção e solidariedade


João Carlos




Hélio Luís Navarro de Magalhães, Edinho, do Destacamento A.
Filho de almirante e sobrinho de ministro interino da Marinha. Preso ferido, 
sua sobrevivência é colocada em dúvida pelos relatórios de 1993


Da percepção dos sinais físicos (luz, som, choque etc.), surgiram os reflexos, os sentidos, a solidariedade das espécies e a emoção da humanidade, na grande engenharia do tempo sem tempo.

O uso desses sentimentos primordiais para sensibilizar a nação brasileira para obter vantagens mesquinhas é de dar nojo. Esse grupo de vampiros e mocreias mata a poesia de quem lutou pela liberdade. Chega ao paradoxo de mover ações contra procurar guerrilheiros que possam estar vivos. Se estiver vivo ótimo, do contrário não atrapalhem a busca de seus restos mortais.

Um dos mais prováveis a ter sobrevivido, Edinho, é de grande importância para mim. Esclarecer, como e por que quando fui abandonado, pois ele estava presente e no comando do deslocamento que fazíamos. Relatarei como estavam o clima e o estado emocional naqueles momentos.

A excitação era grande, quando cheguei ao acampamento com Nelito, carregado de mandioca, todos estavam secando suas munições e polindo suas velhas e toscas armas. Sônia se aproximou e me cochichou a eminência de fazermos um ataque.

- Até que enfim vamos tomar a iniciativa, falei. Ela sorriu.

Logo em seguida, surgiu Zé Carlos ordenando que fosse com o Edinho para uma tarefa, com dois rapazolas e outro quase menino, que haviam entrado na luta. 

Deixamos o restante do destacamento e saímos com destino ignorado, o que era de praxe e contra qualquer bom senso: se deslocar sem saber o destino nem a missão.

Como quase sempre acontecia, fui de batedor à frente do grupo, e parei quando chegamos ao aceiro de uma roça. Edinho se aproxima e faz sinal para eu avançar, o que acho estranho, pois era contra as normas atravessarmos descampados.

Sigo em frente cautelosamente, ele se aproxima e me manda acelerar. Obedeço, e rapidamente atravesso a roça. Aguardo um pouco e eles não chegam, espero alguns minutos e começo a assobiar como o jaó, código usado em circunstâncias de aproximação de provável grupo. O silêncio é absoluto. Retorno pelo mesmo caminho. 

Não ouço qualquer ruído, repito os sinais e nenhuma resposta. Depois de algumas horas, sigo até um local onde estivemos acampados algumas semanas. Não encontrei ninguém. Volto ao aceiro da roça e procuro nas proximidades, encontro uma estrada de construção recente, a terra ainda era úmida.

Armo a rede perto do aceiro ainda na esperança de eles chegarem. Durmo impressionado com a imagem da estrada aberta, e com a constatação de estarmos vulneráveis. Na manhã seguinte, tomo a decisão de ir em direção à Beira.

Além de esclarecer esses e outros fatos, ficaria feliz em saber de uma vida poupada.

Conheci o camarada “Corção” (José Roberto Brum de Luna), responsável pelo partido na Faculdade Nacional de Química, e liderança, entre outros, do Edinho no setor estudantil do Rio de Janeiro. Estivemos juntos também no Comitê Universitário onde fui responsável pela Agitação e Propaganda.

Encontrei-me com Edinho um mês depois de chegar ao Araguaia, quando estava no PA da Bacaba. Piauí me deu ordem de pegar com ele um embrulho que não podia ser aberto. Entrei na mata no rumo indicado, havia chegado há menos de um mês, mas confiei no meu senso de direção. Edinho chegou atrasado ao ponto indicado e sem a encomenda. Conversamos um pouco, apesar de seu espírito sério e reservado, sobre o P.A. da Metade, seu agrupamento, comandado por Nelito.

Depois de abandonarmos o P.A. da Bacaba, por causa do desaparecimento do Jurandir, encontrei-o novamente antes do início do conflito, quando já estávamos estabelecidos no P.A. do Fortaleza, que havíamos acabado de construir, poucos dias antes da invasão das Forças Armadas. Fizemos o mapa com a quilometragem do perímetro da área desde o P.A. do Fortaleza até a região do Some Homem, Três Barracas, São Domingos das Latas e da Bacaba, perto da Transamazônica.

Edinho ficou alguns dias no nosso P.A. Recentemente, uma cobra “limpa campo” se estabelecera entre as palhas de Babaçu que cobriam nosso teto, aparecendo e desaparecendo atrás de ratos. Eu sabia não ser venenosa, mas por ser cobra me incomodava. Em certo momento ela colocou a cabeça de fora em cima da cumeeira, peguei o rifle 22 e apontei. Edinho ainda gritou.
- Você vai feri-la e vai ser pior.

Mesmo com pouca chance, apertei o gatilho. Em segundos, ela deslizou e caiu inerte com a cabeça perfurada. Edinho pegou a cobra, abriu sua boca e mostrou que ela não tinha veneno. Coerente, naquela noite ele rejeitou a iguaria frita.

No outro dia, fomos explorar uma vereda de caçador paralela ao caminho que ligava o Peazinho ao P.A. Fortaleza. Achamos vários locais excelentes para emboscadas e fustigamentos. Retornei pela vereda e ele quis ficar um pouco mais. Ao pular por cima de um tronco enorme, senti algo estranho e olhei para trás.

Havia uma surucucu “pico de jaca”, enrolada sobre si mesma em posição de ataque, o volume ia até o meu joelho. Olhei ao redor para ver se havia outras. Sua cabeça ereta e seus olhos me incomodavam. Escondi-me no mato. Edinho aparece e lhe aponto a cobra, que some enquanto discutíamos seu destino.

Quando as Forças Armadas invadiram a mata,  permanecemos em contatos esporádicos, nos mesmos acampamentos, por  aproximadamente vinte meses.

Enganação leva a crime de lesa-pátria




                                                               Myrian Luiz Alves



Guilherme Gomes Lund, Luís. A petição de 1982 e a da OEA, de 1995,  têm como autores Julia Gomes Lund e outros. Prováveis restos mortais de seu filho podem ter sido omitidos para ganhar tempo na conquista da ação junto à Corte Internacional. Já falecida, se alguns restos inferiores e dentes forem reconhecidos como pertencentes a Lund, dona Julia seria mais uma mãe enganada por "sensíveis" militantes de direitos humanos


O artigo do ex-secretário Nacional de Política Antidrogas, Walter Maierovitch, publicado no Terra Magazine, em 26 de novembro (link abaixo), esclarece que o Brasil cria a Comissão da Verdade em consequência da condenação na Corte Internacional no caso Guerrilha do Araguaia.

Maierovitch, porém, não esclarece as razões que levaram à petição junto à Organização dos Estados Americanos (OEA), a mesma que outrora era tão criticada pela esquerda por conta do boicote a Cuba.

Lembramos, mais uma vez, que restos mortais foram localizados pelo Estado, via Secretaria de Direitos Humanos (SEDH), com apoio da Polícia Federal, com antropólogos argentinos contratados pela SEDH em 1996, e que não foram encaminhados para identificação. Ao contrário, ficaram em caixas de papelão abandonadas no edifício da Polícia Federal de Brasília, que não tinha autorização da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos para encaminhar à identificação.

Por que razão?

Ora, hoje fica claro, que parte das autoras da petição, participantes voluntárias ou não da Comissão Especial, omitiu essas identificações para ganhar tempo e conquistar a condenação do Brasil na Corte Internacional. Simples.

Entre os restos mortais encontrados em 1996, poderiam estar "infelizmente" os de Guilherme Gomes Lund, filho de Julia Gomes Lund, autora que abre a petição de 1995 na Corte, e a petição de 1982, nacional.

Já mostramos neste blogue fotografias da cova encontrada na Reserva Indígena Suruí, no sudeste do Pará, e dos quatro mortos do Natal de 1973. Entre os mortos daquele Natal,, mostram todas as informações, oficiais e relatórios da Guerrilha, estaria Guilherme, o Luís, que integrou o Destacamento A.

O raciocínio é lógico: se Lund fosse identificado, e junto dele, comandantes da Comissão Militar da  guerrilha, mesmo que em poucos materiais de restos mortais - dentes e ossos inferiores -, a petição perderia força, até porque o Estado brasileiro estava, sim, envidando esforços para localizar "desaparecidos".

Além dos restos mortais da reserva indígena, se outro guerrilheiro, como no caso Maria Lucia Petit, fosse identificado após ser exumado de campo santo, fragilizaria mais ainda o pedido de condenação.

Vale lembrar que foram precisos mais de cinco anos - a Unicamp deveria esclarecer essa demora - para proceder a identificação de Maria Lucia Petit, retirada em 1991 do Cemitério de Xambioá, e 13 anos para anunciar a identificação de Bergson Gurjão Farias, retirado de cova ao lado da de Maria. Vale também recordar que as duas covas foram mostradas a familiares durante a primeira caravana, em 1980.

Bastava um alvará para proceder as exumações. O que não foi feito. Somente a partir da CPI de Perus, da Câmara de S.Paulo, e da Comissão Justiça e Paz, em 1991, passou-se a buscar restos mortais no Araguaia.

As buscas viraram shows de mídia. Retirava-se corpos para omiti-los em Brasília, tutelados pela tal Comissão Especial, em dependências do Estado.


Nove dentes, de dois homens, encontrados em cova da Reserva Indígena Suruí em 1996. Havia restos inferiores, meias, cordas amarradas na altura de tornozelos, um cartucho 9mm. Nos dentes, restaurações a ouro são observadas. Posição dos corpos na cova coincidem com a dos mortos no Natal de 1973. Até o momento, sem procedimentos para identificação. Mais informações neste blogue em


O senhor Walter Maierovitch conviveu, sem saber, talvez, com restos mortais durante o governo FHC, que teve como Secretário de Direitos Humanos, José Gregori, hoje na defesa do Brasil junto à OEA, e que não recebeu o relatório forense argentino, de 1996, conforme afirmou 10 anos depois, ao jornal O Povo, embora tenha sido responsável pela contratação da equipe forense argentina.

Também ao O Povo, de fevereiro de 2006, o ex-presidente da Comissão Especial, Miguel Reali, afirma que não sabia que o relatório dava real indicação de ser de guerrilheiros os restos mortais retirados em 1996. Mas, em 2001, negava por ofício a transferência a um laboratório, após cinco anos de omissão, que ainda perdura.

Essas pessoas que omitem corpos conseguem publicar livros por suas ONGs com apoio do Estado, Imprensa Oficial de S.Paulo, e patrocínio da Fundação Ford, a mesma que patrocinou o livro Direito à Verdade e à Justiça. Aliás, dois livros semelhantes, além dos textos, no desenho gráfico. 

A diferença é que o primeiro foi publicado pelo governo Lula, e, o segundo, pelo governo de José Serra.

O livro Direito à Verdade chama de surrealista as cobranças pela identificação do corpo X-2, identificado como Bergson, em 2009, sem qualquer autocrítica da Comissão Especial ou de integrantes de direitos humanos ligados ao ex-ministro Nilmário Miranda, que colocou os retos mortais no armário de sua secretaria.

Hoje, querem fazer parte da Comissão da Verdade. Quem apurará seus atos de vilipêndio e de tortura às mães octogenárias ou nonagenárias, que aguardam notícias de identificações de seus filhos?

Obviamente, casos de "desaparecidos" enterrados fora de campo santo são mais prováveis no Araguaia, e, mesmo assim, os já encontrados, embora não encaminhados até hoje para identificação, estavam numa reserva indígena, área da União.

Todos os casos anteriores de identificação de "desaparecidos" ocorreram após exumações em cemitérios, incluindo os da Guerrilha do Araguaia.

Pessoas que militam em direitos humanos enganosos - porque há os sinceros - querem levar a crer que o regime militar brasileiro atuou como o da Argentina ou o do Chile e sabem que isso não é real. A CPI de Perus, pouco citada por esses militantes, já havia provado isso.

Barbáries não podem ser comparadas. Era um período de guerra fria e a maldade correu solta em vários países, o Brasil não ficaria de fora. No entanto, esses militantes, a partir da Anistia, optaram por políticas de reparação financeira, aceitando, inclusive, atestados de óbitos presumidos. Após mais de 30 anos querem julgamentos, desde que eles - ou pessoas por eles indicados - façam parte da mesa julgadora.

Uma CPI federal já teria ajudado a esclarecer muito mais o período de exceção, porque têm instrumentos para investigações, incluindo o poder de convocação. O problema é que ela não requereria criação de cargos ou outros retornos financeiros. No caso da petição da OEA, havia a possibilidade de mais reparações financeiras, além das conquistadas na Lei 9140, em anistia financeira aos vivos e in memoriam. 

Será que alguma autoridade vai pedir investigação da atuação desse grupos que atua junto ao Estado na área de direitos humanos? Ou dos gastos do país e de alguns estados brasileiros, para sustentar seus desejos cada vez maiores de uma vingança ou para justificar financiamento de entidades internacionais às suas ONGs, embora não detenham nenhuma importância histórica, sequer de suas supostas militâncias?

Em 2001, ouvi de uma familiar que vinha de um encontro internacional na Argentina:
- Você sabia que algumas mães da Praça de Maio não querem localizar seus filhos?
- Não, e por que não iriam querer isso, se essa é a motivação delas?
- Porque elas deixariam de existir politicamente.

Semanas depois passei a perceber que, no Brasil, não afirmo serem algumas mães, mas alguns familiares de militantes de outras organizações que atuaram na guerrilha urbana, e, apenas uma, que sequer é familiar de guerrilheiro do Araguaia, mostram o mesmo procedimento citado pela militante há mais de 10 anos.

Pior do que crime de lesa-pátria financeiro, essas pessoas cometem o crime de lesa-pátria moral. Provocam, após 40 anos, a exacerbação raivosa contra as forças armadas atuais do país. Instigam a humilhação aos governos brasileiros perante outras nações, além da desmoralização de nossa história.

E, ainda, contratando com dinheiro público, um laboratório estadunidense para identificações de guerrilheiros, embora o país tenha reconhecimento internacional na área de medicina legal. Contratação, como outras, não fiscalizada pela sociedade, apenas para usufruir de gastos públicos ao seu bel prazer e a ocupar espaço na mídia, geralmente criticando os governos que as sustentam.

Comentaremos ainda a excelente reportagem de Leonel Rocha na revista Época deste final de semana, sobre documentos da Marinha.

Artigo de Walter Maierovitch, a respeito da Comissão da Verdade, na página Terra Magazine:
http://maierovitch.blog.terra.com.br/2011/11/26/comissao-da-verdade-e-cortina-de-fumaca-para-contornar-decisao-da-corte-interamericana-de-direitos-humanos/



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A verdade como dever



                                          Antonio de Pádua Costa, Piauí, aprisionado em 1974
                                   

A verdade como dever



João Carlos


“Por que se chamavam homens/Também se chamavam sonhos/E sonhos não envelhecem/Em meio a tantos gases lacrimogênios/... E basta contar consigo/Que a chama não tem pavio/
De tudo se faz canção/E o coração na curva de um rio... “.
                                                                                                        (Lô Borges, Clube da Esquina nº 2)


Qual a pretensão do governo e do estado com a instituição da Comissão da Verdade, sancionada em 18 de novembro?

Em relação ao Araguaia, o partido* permanece vivo, está no poder e tem obrigação de se manifestar, cobrar o que aconteceu a seus integrantes aprisionados, alguns torturados, e, como muitos destes, também outros assassinados.

Quem foram os carrascos?

Onde foram sepultados os corpos de combatentes e prisioneiros?

As provas em documentos e depoimentos existem e são públicas. O partido nada fez até o presente momento, para cobrar a ação criminosa de quem executou prisioneiros. Não se manifesta, mas açulou a família da Célia (Rosa), a montar uma farsa e a me levar ao tribunal no Rio de Janeiro, no final dos anos setenta.

Fiz parte da Guerrilha do Araguaia. Não dei procuração a ninguém, muito menos ao grupo da Mocréia e seus vampiros, que omitem exumações de restos mortais dos que tombaram.

Inventam, distorcem, deturpam e manipulam a história de outros sobreviventes.

O governo vai continuar submisso a esse grupo de violadores de vidas e restos mortais, e deixar quem participou de fora sem sequer ser ouvido?

Ou esse grupo é sequela da formação dessa partidarização da máquina do estado?

Não queremos nem podemos julgar, porque somos parte, e parte não julga. Mas nós, guerrilheiros, realizamos essa história, temos o direito a falar e razões a revelar. É nosso dever.

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* Partido Comunista do Brasil (PCdoB), formulador das Forças Guerrilheiras do Araguaia (Foguera),1972-1975, e,  atualmente,  co-administrador  do estado em aliança majoritária com o Partido dos Trabalhadores (PT).

Verdade de quem, e para quem?



 Myrian Luiz Alves


"Mentira é o nome dado às afirmações ou negações falsas ditas por alguém que sabe (ou suspeita) de tal falsidade, e na maioria das vezes espera que seus ouvintes acreditem nos dizeres. Dizeres falsos quando não se sabe de tal falsidade e/ou se acredita que sejam verdade, não são considerados mentira, mas sim erros. O ato de contar uma mentira é 'mentir', e quem mente é considerado um 'mentiroso'''.
(Disponível no google) 

A cemimônia em que a presidente da República da República Dilma Roussef  sancionou a Comissão da Verdade, em 18 de novembro, teve contornos de hipocrisia e falácia.

A começar pelos espectadores na plateia. Três ex-ministros de Direitos Humanos que não somente nada fizeram como omitiram identificações de seres humanos para levarem suas determinações midiáticas ao extremo.

O que fizeram pelo direito à verdade pessoas como Nilmário Miranda, Mário Mamede e Paulo Vannuchi?

De modo talvez inédito no mundo conviveram com esqueletos em armários de sua jurisdições ministeriais. Restos mortais retirados de campo santo e reserva indígena em terras do Araguaia. Em várias expedições, entre 1996 e 2011, a área de direitos humanos do governo federal se mantém no direito de tutelar a identificação de guerrilheiros tombados entre 1972 e 1975.

O segundo passou sem ninguém perceber à frente da então Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH). Ficou por lá com os restos mortais no armário da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos. Nome, aliás, bem apropriado pelo que vem fazendo a tal comissão no tema a que ela se propõe.

O terceiro, entre outras polêmicas, exigiu a Comissão da Verdade, no lançamento do III Plano Nacional de Direitos Humanos, no final de 2009, ao mesmo tempo em que mantinha, como continuou a manter até próximo ao final de sua gestão, os restos mortais nas dependências da então SEDH.

E, inacreditavelmente, o ainda presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos, da SEDH, Marco Antonio Barbosa, que, meses antes da identificação de Bergson, em 2009, afirmava à imprensa não saber que, em seu armário, havia restos mortais, discursou em lugar da filha do deputado Rubens Paiva, segundo notícias de jornais.  

Aliás, o jornalista Tarcísio Holanda deu informações relevantes há poucas semanas, em seu programa da TV Câmara, a respeito da prisão e morte do deputado ainda “desaparecido".



                                                       





Foto 1Sebastião Curió Rodrigues de Moura, dr. Luchini, major Curió, capitão Curió, já nos tempos de Serra Pelada. Nunca respondeu a qualquer ação judicial relativa à Guerrilha do Araguaia.          
Foto 2: Antonio de Pádua Costa, Piauí, agachado à esquerda, tendo às suas costas militares da operação marajoara. É “desaparecido”. Em 2010, morador reconheceu Curió, de chapéu, atrás do militar de camiseta Regata.

Informações levantadas pelo Parlamento e
 reportagens independentes 

Em 2001, o ex-sargento Santa Cruz confirmou ao Grupo de Trabalho Araguaia, da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, ter andado cinco vezes na mata com Antonio de Pádua Costa, Piauí, a quem reconhece na foto.

Há alguns anos, o tenente José Vargas Gimenez, em várias entrevistas e depoimentos, como na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, em 2008, confirmou ser responsável pela prisão de Piauí. Publicou o livro Bacaba, no qual expõe sua foto e a do guerrilheiro, então comandante do Dst A, lado a lado.

No Grupo de Trabalho Tocantins, em 2010, soube-se que a fotografia em que Piauí aparece agachado pertencia ao sr. Peixinho, proprietário das terras onde viria a tombar a guerrilheira Sonia, comandada por Piauí.

Um morador entregou a foto a Paulo Fonteles, que a remeteu à Comissão Especial, que nada fez, ainda em 1996. Reportagens e livros, ao longo desses anos, divulgaram a fotografia.

Recentemente, no Grupo de Trabalho Tocantins, o ex-major Sebastião Curió foi reconhecido, por um morador, na fotografia de Piauí. Ele seria o homem de chapéu e bigode, na última fileira, atrás do militar em estilo Rambo, de camiseta regata.

Ao lado do “Rambo”, de chapéu, segundo Gimenez, seria o agente Ivan, o ex-sargento Joaquim Artur, o Carioca, do livro de Taís Moraes. Esse mesmo militar é visto na fotografia de um helicóptero, no qual estaria o prisioneiro-desaparecido Lúcio Petit, Beto.

Este blogue iniciou suas postagens publicando a foto do comandante do 52º Batalhão de Infantaria de Selva à época dos fatos.

É o caso de perguntar, que verdade querem essas pessoas que não permitem a conclusão de qualquer trabalho investigativo?  Obstruem o cumprimento de sentença judicial, da qual, por incrível que possa parecer, são parte da ação, e atuam, neste momento, no comando informal das investigações em curso no Araguaia.

Como sempre exigem estar, a exemplo das reclamações de hoje, 23 de novembro, publicadas em O Globo. Articulam nomes para estar na Comissão da Verdade, após quase vinte anos de mentiras e desvios de informações relativas à Guerrilha do Araguaia.

Ao contrário do dito popular – “tirar esqueletos do armário” -, esse grupo colocou-os no armário do prédio do Ministério da Justiça em pleno governo Lula, após abandoná-los por cinco anos no edifício da Polícia Federal, em Brasília.

Qual o critério para escolha de nomes para a Comissão da Verdade? A indicação feita por falsários da história?


Maria Célia Corrêa, em álbum de família

Aprisionada em casa de morador, foi vista por vários moradores, na base Bacaba, em local semelhante a uma gaiola de passarinho.Como o cercado que envolve Piauí, na foto acima?

Embora informações militares exponham o crime, revelações relativas
 aos guerrilheiros Rosa e Piauí não são encaminhadas
 pela área de direitos humanos

Abaixo, dados de Antonio de Pádua Costa, Piauí, e Maria Célia Corrêa, Rosa, nos sítios do Grupo Tortura Nunca Mais-RJ e de Criméia Schmidt Almeida, desaparecidospoliticos.org.br, totalmente desatualizados, embora referências imediatas de pesquisa. As informações militares são mais contundentes e relevantes do que as repetidas biografias publicadas pelas duasr ONGs de direitos humanos.

Às informações referentes a Antonio de Pádua Costa acrescentamos os dados de Maria Célia Corrêa, Rosa, do Destacamento A, cuja prisão é testemunhada por vários moradores e admitida pela Marinha, em 1993, e por anotações de um militar, divulgadas pelo jornalista Lucas Figueiredo em seu blogue.

Segundo o que informa a Marinha, a respeito, entre outros, de Rosa e Piauí, seria imprescindível a investigação oficial, talvez pelo Ministério Público Militar. Vale dizer que, em 2001, o Ministério Público Federal, acionado, entre outros, por Criméia Schmidt, colheu dezenas de depoimentos na região e sequer as encaminhou para a Comissão de Anistia ou outras comissões para prosseguimento da investigação.

Apesar da gravidade dos depoimentos, também nada fez o Ministério Público Federal.
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Informações publicados por ONGs 

de direitos humanos


Página do Grupo Tortura Nunca Mais-RJ

Antonio de Pádua Costa

Militante do PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC do B).
Nasceu em 12 de junho de 1943 no Piauí, filho de João Lino da Costa e Maria Jardilina da Costa.
Desaparecido na Guerrilha do Araguaia desde 1974.
Estudante de Astronomia da UFRJ, foi da diretoria do DA do Instituto de Física. Foi indiciado por sua participação no XXX Congresso da UNE, em Ibiúna.
Quando passou a viver na clandestinidade, foi para a região do Araguaia, onde vivia na localidade de Metade, em São João do Araguaia/PA e tornou-se vice-comandante do destacamento A das Forças Guerrilheiras.
Com seu jeito alegre e brincalhão, rapidamente conquistou a simpatia dos vizinhos e companheiros. Com seu espírito prático e capacidade de direção, assumiu o Comando do Destacamento A – Helenira Resende – após a morte de André Grabois.
Foi visto pela última vez no dia 14 de janeiro de 1974, quando houve intenso tiroteio com as Forças Armadas. Estavam com ele naquele momento Antônio Alfaiate e Lúcio Petit, também desaparecidos.
Segundo o depoimento de um morador da região, Antônio foi preso em casa de um camponês, no início do ano de 1974.
O Relatório do Ministério da Marinha afirma que teria sido assassinado por uma companheira, “quando estavam acampados em local/região não definidos”. Causa estranheza o Ministério da Marinha ter informações tão detalhadas sobre sua morte e nenhuma informação sobre o local onde se deu sua prisão, o que demonstra, mais uma vez, a tentativa de escamotear as informações.

Maria Célia Corrêa

Militante do PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC do B).


Desaparecida, na Guerrilha do Araguaia, aos 29 anos.
Nasceu em 30/4/45 na cidade do Rio de Janeiro, filha de Edgar Corrêa e Irene Corrêa.
Era bancária e estudante de Ciências Sociais na Faculdade Nacional de Filosofia, hoje UFRJ, no Rio de Janeiro.
Em 1971 foi viver na região do Araguaia, onde já se encontrava seu irmão Elmo e sua cunhada Telma, ambos também desaparecidos. Pertenceu ao Destacamento A - Helenira Resende, da guerrilha.
Foi vista pela última vez por seus companheiros no dia 2 de janeiro de 1974 e estava com Nelson Lima Piauhy Dourado, Jana Moroni e Carretel (todos guerrilheiros desaparecidos), quando houve um tiroteio contra os mesmos.
Os moradores de São Domingos viram quando Maria Célia era levada presa, com outros guerrilheiros.
Segundo o depoimento de Maria Raimundo Rocha Veloso, moradora na Região, Maria Célia foi presa por “Manezinho das Duas” que a amarrou e levou com a ajuda de outro homem para o acampamento do Exército em Bacaba (Transamazônica).
Este depoimento foi confirmado por Geraldo Martins de Souza, delegado de São Domingos na época dos acontecimentos, e que recebeu uma medalha do Comando do Exército na região por serviços prestados. Geraldo disse que “Rosinha”, nome com que era conhecida na região, foi presa no local chamado Açaizal.
Santinho, vereador pelo PSDB, em 1991, da Câmara de São Domingos e genro de Geraldo Martins de Souza, diz que eram duas as mulheres guerrilheiras levadas para Bacaba por seu sogro, uma delas era Maria Célia. Em todos estes depoimentos as pessoas são unânimes em afirmar que estava viva e sem ferimentos de arma de fogo, em meados de 1974.

Informações do sítio desaparecidospoliticos.org.br

Antônio de Pádua Costa
Ficha Pessoal 
Dados Pessoais          
Nome: Antônio de Pádua Costa
Estado: (onde nasceu) PI
País: (onde nasceu) Brasil
Data: (de nascimento) 12/6/1943
Atividade: Estudante universitário
Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ
 Dados da Militância 
Organização: (na qual militava) Partido Comunista do Brasil PC do B
Brasil
Nome falso: (Codinome) Piauí, Lino
Prisão: 14/1/1974
PA Brasil
região do Araguaia
Segundo depoimento de morador da região.
Morto ou Desaparecido: Desaparecido
14/1/1974
PA Brasil
região do Araguaia
Fotos original e preto e branco de busto numerada.
Relatório
Documento do arquivo do DOPS com a lista dos estudantes participantes do XXX Congresso da UNE, em Ibiúna, SP, em 1968.
Ficha pessoal
Documento do DOPS/SP. Consta que Antônio de Pádua Costa participou do XXX Congresso da UNE em Ibiúna, e que integrava o grupo chefiado por Joaquim Câmara Ferreira, autor do seqüestro ao embaixador norte-americano.
Legislação
Lei 9.140/95. Diário Oficial, Brasília, n. 232, 5 dez. 1995. Reconhece como mortas pessoas desaparecidas em razão de participação, ou acusação de participação, em atividades políticas, entre 02/09/61 a 15/08/79, e que por este motivo tenham sido detidas por agentes públicos, achando-se, desde então, desaparecidas, sem que delas haja notícias. No Anexo I desta Lei foram publicados os nomes das pessoas que se enquadram na descrição acima. Ao todo são 136 nomes.
Legislação
Lei 9.497/97. Diário Oficial do Município, Campinas, 20 nov. 1997. Atribui nomes de mortos e desaparecidos políticos no período da ditadura militar a ruas dos bairros Vila Esperança, Residencial Cosmo e Residencial Cosmo I.
(EREMIAS DELIZOICOV - Centro de documentação | DOSSIÊ - Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil - 2002 - 2007 Todos os direitos Reservados)

Maria Célia Corrêa
Ficha Pessoal 
Nome: Maria Célia Corrêa
Cidade: (onde nasceu) Rio de Janeiro
Estado:  (onde nasceu) RJ
País: (onde nasceu) Brasil
Data: (de nascimento) 30/4/1945
Atividade: Estudante universitária e bancária
Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ
 Dados da Militância 
Organização: (na qual militava) Partido Comunista do Brasil PCdoB
Nome falso: (Codinome) Rosinha
Prisão: 2/1/1974
Bacaba (Transamazônica)
Segundo depoimento de moradora da região e delegado de São Domingos, na época.
Morto ou Desaparecido: Desaparecido
2/1/1974 - São Domingos PA Brasil região do Araguaia
Agente da repressão: (envolvido na morte ou desaparecimento) Manezinho das Duas
Foto do rosto de Maria Célia Corrêa.
Legislação
Lei 9.140/95. Diário Oficial, Brasília, n. 232, 5 dez. 1995. Reconhece como mortas pessoas desaparecidas em razão de participação, ou acusação de participação, em atividades políticas, entre 02/09/61 a 15/08/79, e que por este motivo tenham sido detidas por agentes públicos, achando-se, desde então, desaparecidas, sem que delas haja notícias. No Anexo I desta Lei foram publicados os nomes das pessoas que se enquadram na descrição acima. Ao todo são 136 nomes.
Legislação
Lei 9.497/97. Diário Oficial do Município, Campinas, 20 nov. 1997. Atribui nomes de mortos e desaparecidos políticos no período da ditadura militar a ruas dos bairros Vila Esperança, Residencial Cosmo e Residencial Cosmo I.
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Abaixo, informações do Centro de Inteligência do Exército, Força Aérea Brasileira e Marinha encaminhadas ao ministro da Justiça, Maurício Corrêa, em 1993 e recebidas por deputados e os mesmos atuais representantes de familiares na área de direitos humanos, como os dirigentes das  ONGs acima citadas.

Antonio de Pádua Costa – Piauí/Lino

Não possui registros (CIE).

Militante do PCdoB e guerrilheiro no Araguaia. Segundo o noticiário de imprensa nos últimos 18 anos e documentos de entidades de defesa dos direitos humanos, teria sido morto ou desaparecido no Araguaia. Não há dados que comprovem essa versão (FAB).

- OUT/68, foi preso em 12 OUT 68, em Ibiúna/SP, durante a realização do XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes.
- MAR/74, foi assassinado a golpes de facão pela terrorista MARIA CÉLIA COSTA, ou seria MARIA CELIA CORREIA o nome correto, codinome  “ROSA”  ou  “CATARINA”, quando estavam acampados (local/região não definidos)  “ROSA”/”CATARINA”  foi morta, na ocasião, a tiros (MAR).
- NOV/74 – relacionado entre os que estiveram ligados à tentativa de implantação de guErrilha rural, levada a efeito pelo comitê central do PCdoB, em Xambioá. Morto em 05 MAR 74 (MAR).

Maria Célia Corrêa - Rosa

Filha de Edgar Corrêa e de Irene Creder Corrêa, nascida em 30 Abr 45, no RIO DE JANEIRO/RJ.
Militante do PCdoB, participou ativamente da guerrilha do Araguaia em 1971, onde utilizava os codinomes  “CATARINA”  e  “CRISTINA” (CIE).

Militante do PCdoB e guerrilheira no Araguaia. Segundo o noticiário de imprensa nos últimos 18 anos e documentos de entidades de defesa dos direitos humanos, teria sido morto ou desaparecido no Araguaia. Não há dados que comprovem essa versão (FAB).

- Seria seu nome correto MARIA CELIA COSTA.
- MAR/73, identificada como “CATARINA” ou “ROSA” uma das militantes do PCdoB.
- SET/73, o seu nome figurou numa relação de nomes citados por MAURO BRANDÃO CARNEIRO, dirigente intermediário do PCdoB, como tendo sido deslocada para o campo.
- NOV/74, relacionada entre os que estiveram ligados à tentativa de implantação de guerrilha rural, levada a efeito pelo comitê central do PCdoB, em Xambioá. Morta a tiros, em 05 MAR 74, após matar a golpes de facão, um companheiro ANTONIO DE PADUA COSTA (MAR).  


Dados de Maria Célia, em manuscrito militar divulgado
 por Lucas Figueiredo em seu blogue: http://pt.scribd.com/doc/50492636/Manuscrito-de-Um-Militar


Comissões e ONGs servem a quem?


Apesar dessas, entre outras, fundamentais informações, a Comissão de Mortos e Desaparecidos, tendo uma ex-prisioneira, e ex-guerrilheira como assistente para assuntos do Araguaia, não tomou qualquer atitude para apurar fatos apontados pela Marinha, Exército e Aeronáutica, em fotografias ou depoimentos colhidos na região e em Brasília.

Quem mente não pode pretender conduzir ou cobrar revelações da história do país.
Se a presidente Dilma Rousseff deseja realmente esclarecimentos a respeito dos fatos ocorridos entre 1964 e 1985 precisa vencer o bloqueio impetrado por meia dúzia de oportunistas.

Da retrospectiva de informações aqui colocada, ficam indagações:

. Curió e Ivan estão na foto e ninguém reconheceu?
. Quem é cada um dos militares posados em fotografia com guerrilheiro preso e “desaparecido”?
. Não interessava à Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos informar-se? Confirmar o paradeiro, entre outros, de Antônio Pádua Costa, Piauí, não era de sua alçada?

Os textos acima são referentes, também, à matéria abaixo, publicada em O Globo, de 23 de novembro de 2011.