domingo, 27 de novembro de 2011

O que desejam os vampiros da história do Brasil?


Myrian Luiz Alves



Área da Base Militar de Xambioá (TO). Como na base Bacaba, no Km 68 da Transamazônica,
 o 52º  BIS, na mesma rodovia, e a Casa Azul, em Marabá, a base  à beira do Araguaia, seria o destino de mais de  23 prisioneiros "desaparecidos"? E Brasília?


Além do dinheiro, benesses, status e, é claro, poder, o que querem afinal os vampiros de direitos humanos?

No dia 24 de novembro, matéria da Carta Maior mostra claramente suas atuais “insatisfações”. Não querem uma “comissão possível”, querem disputá-la.

Uma das entrevistadas na reportagem da agência de notícias, Yara Xavier, levou, em 1996 ou 1997, então “voluntária” da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos, um osso da perna de um de seus irmãos ao Instituto de Criminalística (IC) do Distrito Federal.

Queria que o instituto identificasse o irmão, nunca “desaparecido”.

Surpresos, os médicos legistas perguntaram-lhe se havia processo a respeito ou o que ela fazia com aquele osso.

 – Mas há processo, é de desaparecido?
 – Não, é de meu irmão.
 - Então, minha senhora, retire-se, por favor.

Retirou-se, mas o osso ali permaneceu. Isso, vejam, ocorreu após Yara também ter pressionado legistas da Capital a alterarem o laudo original a respeito da causa de morte do capitão Lamarca, exumado em Salvador, sem nunca ter sido considerado desaparecido.

Até o momento, não se sabe exatamente as razões para a exumação do capitão, ocorrida em 1996, curiosamente, após trabalhos de escavaçõs e retiradas de restos mortais no sudeste do Pará, em meio à publicação da série de reportagens Dossiê Araguaia, de O Globo.

Segundo um dos legistas, especialista em DNA, Yara Xavier queria que o novo laudo contraditasse o de 1971 e apontasse arma branca para a morte do Capitão. O resultado não foi o pretendido, Carlos Lamarca morreu, contou-me seu filho César, alvejado por tiros, como já dizia o laudo original, alguns acertados, diz César, propositalmente nos locais onde se alojam, nas fardas, as patentes militares.

Nunca mais Yara voltaria ao IC. Ao localizar, depois de cinco anos de abandono de caixas de papelão com restos mortais do Araguaia, no edifício da Polícia Federal de Brasília, como já contamos, cuja responsável “pelos ossos” , no dizer de Nilmário Miranda, seria Yara Xavier, descobrimos que havia, no IC, um osso de perna de um dos irmãos de Yara e coleta de sangue da família Haas.

Como também já afirmamos, a transferência de caixas para um laboratório foi negada pela comissão, em 2001, à Câmara dos Deputados. Entretanto, divulgadas as fotografias dos corpos retirados do Araguaia, em especial do corpo X-2, muitas matérias foram publicadas na imprensa. Em 2006, a mesma senhora seguiu a vários estados do país colhendo sangue de mães idosas, retornando com as amostras em sua bolsa, supostamente para Brasília.

Tudo feito de maneira irregular, sem cadeia de custódia (acompanhamento pericial, ou, a legalidade da criminalística para identificações humanas), enquanto famílias ficaram por anos aguardando que a irresponsável comissão especial identificasse seus parentes.


 Área do 52º Batalhão de Infantaria de Selva,  
no Km 8 da Transamazônica

Até alguns anos atrás, ninguém havia se tocado que o objetivo de algumas dessas representantes de “direitos humanos” era ganhar tempo para levar o Brasil a uma condenação na Organização dos Estados Americanos (OEA), ou, que, finalmente, tentassem enganar o país criando uma comissão, nos moldes de outros países – que optaram por processos e não por indenizações antecipadas a estes, como ocorreu no Brasil -, da qual pretendem ser as julgadoras ou “nomear” os julgadores.

Resta saber até onde vai a paciente boa vontade da Presidente da República.

Também nos últimos dias, o fato de o cerimonial da Presidência ter alterados nomes de quem iria discursar na solenidade em que foi sancionada a Comissão da Verdade, provocou a reclamação do mesmo grupo de direitos humanos em uma série de notas e matérias de jornais.

Alguns podem ser levados a crer ser isso de fundamental importância.

E é. Mostra que essas pessoas não têm limites. Querem que a Justiça, o Executivo e o Legislativo façam exatamente o que elas querem. Após ganhar indenizações individuais que, em alguns casos, ultrapassam 1 milhão de reais, após mais de 30 anos de anistia política, querem “justiça”.

Qual justiça, qual verdade?

Querem desmoralizar o Brasil, as Forças Armadas e, até mesmo, a Ministra dos Direitos Humanos e a Presidente?

Desde 1993 essas pessoas têm em mãos documentos que poderiam ajudar a esclarecer fatos, como no caso Hélio Luiz Navarro Magalhães, o Edinho, do Destacamento A das Forças Guerrilheiras do Araguaia (Foguera).

Além de não divulgarem esses e outros esclarecimentos relevantes, demostram raiva, como em outras pesquisas e investigações, aos que querem saber o que teria acontecido ao rapaz, filho de almirante.

Os pesquisadores do Grupo de Trabalho Tocantins (GTT), por exemplo, sugeriram, em 2010, a investigação do caso Edinho, entre outros, prontamente aceita pelo Ministério da Defesa e juíza federal Solange Salgado, autora da sentença Araguaia.

Como de outras vezes em que o caso é citado, representantes de “direitos humanos”, sempre do mesmo grupinho, criticaram, em matéria da revista IstoÉ, a decisão da Defesa e do Poder Judiciário, pela aprovação e investigação.

Já em 1993, se tivessem ciência do conteúdo do relatório oficial da Marinha, não socializado por esse grupo, os que são de fato representantes de direitos humanos poderiam ter exigido maiores informações daquela força – de onde tiraram os dados? – e, a partir daí, poderiam ter divulgado nacionalmente a máxima da barbárie.

Afinal, se o guerrilheiro, preso, após ser ferido na perna, foi executado, seu pai, um almirante, deveria ser julgado in memoriam por corte marcial e ser expulso da corporação, como ocorre em qualquer país civilizado quando se tem ciência de execuções premeditadas de prisioneiros de guerra, seja ela interna ou externa.

Ainda, se estiver vivo, é preciso todo o esforço para localizá-lo. É importante reafirmar: a maioria quer o recontar honesto da história e a apuração, principalmente, da conduta de servidores pagos com o dinheiro público em missão oficial. Hélio Navarro, vivo, seria testemunha fundamental dos acontecimentos que envolveram seus companheiros aprisionados e o que se passava na região da guerrilha nos primeiros meses de 1974.

Por fim, assistindo por anos a fio a esse “enrolamento” do esclarecer dos fatos, aumenta, a cada dia, a curiosidade em saber como essas pessoas que tentam substituir o que interessa à história do país por egoísmos medíocres, e, infelizmente, ludibriando há anos alguns parentes de mortos do regime militar, conseguem ter, neste momento, tanto poder e espaço.

Mais uma vez, entretanto, jornalistas apresentam matérias contundentes, como faz Leonel Rocha neste fim de semana na revista Época. Em sua reportagem, apresenta documentos da Marinha.

Em 2009, a mesma revista publicou extensa reportagem de Matheus Leitão a respeito de Hélio Navarro. Tema também tratado em matérias de Hugo Studart e de Euler Belém, do jornal Opção, entre outros pesquisadores de nossa história.

Relatórios do Cento de Inteligência do Exército (CIE), FAB e Marinha, a respeito de Hélio Navarro Magalhães, recebidos em 1993 pelo Ministro da Justiça. Os textos dos relatórios estão como na grafia original.

Helio Luiz Navarro de Magalhães - Edinho
Filho de Hélio Gerson Menges de Magalhães e de Carmen Navarro de Magalhães, nascido em 23 Nov 49, no RIO DE JANEIRO/RJ.
Militante do PCdoB, utilizava-se do codinome “RUI”.
De acordo com o depoimento de JOSÉ ROBERTO BRANDE LUNA, foi um dos militantes do PCdoB deslocado para a região de XAMBIOÁ/GO, no início de 1971 (CIE).

Militante do PCdoB e guerrilheiro no Araguaia. Segundo o noticiário de imprensa nos últimos 18 anos e documentos de entidades de defesa dos direitos humanos, teria sido morto ou desaparecido no Araguaia. Não há dados que comprovem essa versão (FAB).

- FEV/74, foi preso gravemente ferido, como terrorista, na região “chega com jeito”, portando um fuzil metralhadora adaptado cal. 38, um revólver cal. 38 e uma cartucheira com 36 cartuchos.
- FEV/74, filho do Comte. HELIO GERSON MENEZES MAGALHÃES, foi preso após ter sido ferido. Possibilidades de sobrevivência desconhecidas.

- NOV/74, relacionado entre os que estiveram ligados à tentativa de implantação de guerrilha rural, levada a efeito pelo comitê central do PCdoB, em Xambioá. Morto em 14 MAR 74 (MAR).

Outras informações aumentam 
o mistério de Edinho

Em 2006, o ex-soldado Raimundo Pereira de Mello reconheceu Edinho como um dos filhos do sargento Santa Cruz, que morava com a família em dependências da base de Bacaba, no Km 68 da Transamazônica. Ao olhar a fotografia do ex-guerrilheiro, Raimundo contou ter feito “escolta” ao “filho diferente” de Santa Cruz durante um fim de semana na praia de Tucunaré, em Marabá, às margens do Rio Tocantins. Afirmou nunca esquecer aquela ordem a ele e seus colegas que se perguntavam: por que temos de fazer escolta ao filho do sargento?

Depoimento de 1994 do morador de São Domingos do Araguaia, ex-guia José Veloso, aos pesquisadores da Universidade Federal de Goiás, Romualdo Pessoa Campos Filho e  Giovane Felipe, registra o prisioneiro Edinho: “um rapaz bem alvo, um rapazinho bem aparecido. Estava fazendo vestibular para Medicina. Era do Rio. O Exército tratava ele bem. Ficou um bocado de tempo na Bacaba. O Exército tava dando muito apoio a ele, davam coturno pra ele novinho e...tratavam ele bem.”

A dirigente comunista Elza Monerat afirmou diversas vezes, como fez em 2001, em sua casa no interior fluminense, durante uma visita de parentes de Libero Giancarlo Castiglia e esta pesquisadora, ter topado com Edinho no centro do Rio de Janeiro, no início dos anos 80. Ao reconhecê-lo, numa virada de esquina, ele  teria percebido e acelerado o passo. Bem mais jovem do que ela, sumiu rapidamente de sua vista.

Em meados dos anos 2000, Elio Gaspari publicou artigo dizendo que nos primeiros meses de 1974, um “espécime” de guerrilheiro teria sido levado aos burocratas em Brasília. O artigo, intitulado deluciopetit@araguaia.edu, não esclarecia, porém, de quem se tratava e o que lhe teria ocorrido.

No mesmo período, em reunião com familiares na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, coordenada pelo deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, fiz comentários sobre o artigo, que me pareceu revelador, mas com palavreado estranho, como o tratamento “espécime”, e a não revelação do que poderia ter acontecido com o guerrilheiro em Brasília. Sugeri, então, que se buscasse informações com o autor, Elio Gaspari. Imediatamente, Suzana Lisboa, representante de familiares, embora sem nenhuma ligação com o Araguaia, afirmou que já havia conversado com o jornalista, que lhe respondera: “morreu”.

Misteriosos poderes sustentam
 enganadores de direitos humanos

Como mostra a matéria de Euler Belém (link abaixo), impressiona o poder dessa também representante de direitos humanos, uma das responsáveis, como Yara Xavier e Criméia Schmidt, então assistente de Suzana para assuntos do Araguaia, cargo inexistente segundo as regras do serviço público - que também proíbe o trabalho voluntário, principalmente no acompanhamento de documentos e processos -, pelo abandono de restos mortais em Brasília, e pelo que deve ser feito ou de que forma devem ser feitas investigações sobre o período do regime militar.

Nunca satisfeita em seus desejos, ao ser criada a comissão interministerial, composta por cinco ministérios, incluindo a Secretaria de Direito Humanos, Casa Civil e Defesa, para começar a ouvir militares por conta da sentença sobre a Guerrilha do Araguaia, Suzana afirmou, em matéria de 2003, em O Globo : “Lula fez pacto com os militares”.

No entanto, aproveitando-se naquele momento da formação da comissão, alguém da SEDH seguiu até Xambioá e “devolveu”, nas mãos de um coveiro, sem mostrar nenhum documento de autoridade local, ou nacional, e sem se identificar, alguns restos mortais então omitidos no armário da comissão especial, da SEDH.

Em 2011, o mesmo grupo recarregou-se de poder, nos bastidores do Planalto, para mandar e desmandar na forma de cumprimento da sentença da OEA. Antes mesmo de aprovação da Comissão da Verdade pelo Congresso, já obtinha autorização oficial para vasculhar arquivos ainda sigilosos para “subsidiar” a Comissão da Verdade.

Hoje, domingo, 27 de novembro, matéria em O Globo mostra nova pressão dessas militantes. Querem a indicação de Yara Xavier para a Comissão da Verdade (link abaixo). 

Para vampirizar quem desta vez?


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Links para as matéria citadas:


O Globo, matéria de Evandro Éboli

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