domingo, 29 de janeiro de 2012

Se é para se saber, por que não perguntam aos protagonistas dos fatos?


Cel Ydino Sardenberg Filho, quando comandante do 2º GAAAe, em 1980.
 Entre outubro de 1973 e janeiro de 1975, comandou a área sul da contra-guerrilha, no Araguaia

Myrian Luiz Alves e João Carlos


Há quase três anos, o agora denominado Grupo de Trabalho Araguaia, ex-Grupo de Trabalho Tocantins (GTT), foi criado para cumprir parte da sentença da Justiça Federal sobre a Guerrilha do Araguaia, mais especificamente busca e identificação de corpos.
Já comentamos diversas vezes que há restos mortais exumados daquela região em poder da Secretaria de Direitos Humanos do governo federal, e de sua Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, que tutela restos mortais desde 1996. Esse procedimento, sob outro ângulo, pode ser entendido como crime de ocultação de corpos. O país tem instituições credenciadas para identificações humanas.
Como integrante do então GTT, por diversas vezes sugeriu-se a necessidade de ouvir oficiais e guerrilheiros e, ainda, argumentava-se a evidente urgência para isso, até por razões do tempo.
Há poucos dias, esta pesquisa dialogou com o ex-major Idyno Sardenberg Filho, morador da cidade do Rio de Janeiro, atualmente coronel da reserva, ex-comandante do 2º Grupo de Artilharia Antiaérea, em 1980, e oficial de confiança do presidente João Figueiredo, conforme citação do livro A Ditadura Escancarada, de Elio Gaspari.
Sardenberg afirma que assumiu o comando da área sul da contra-guerrilha na última campanha – outubro de 1973 a janeiro de 1975. A área sul compreendia São Geraldo, Serra das Andorinhas (PA), área dos destacamentos C e B, sob responsabilidade da Base Militar de Xambioá (TO), na divisa com o Pará. A área norte, conta o coronel, ficou sob o comando de Flávio di Marco, com sede em Marabá, e que se estendia à parte da região onde atuava o Destacamento A, São Domingos das Latas, São João do Araguaia (PA). 
Teria sido sua a proposta de descaracterização da tropa regular. “Não se pode combater uma tropa irregular com tropas regulares”, em contraposição à forma adotada pelo general Antonio Bandeira em 1972. No diálogo sobre o contexto do período - guerra fria -, em plena retirada das tropas norte-americanas ao final da guerra do Vietnã -, reforça-se o argumento de que “não se poderia permitir a deflagração de uma zona liberada”, como pretendiam as forças guerrilheiras.
O treinamento dos homens, descaracterizados, que partiram do Rio de Janeiro, ocorreu em Xerém. Sem farda, e de barba, o então major seguiu para o Araguaia e ali instalou três bases. Conta que foi ele quem chamou o major Nilton Cerqueira, responsável pela morte de Carlos Lamarca, em 1971, a participar do combate aos guerrilheiros. 
O coronel diz que nunca admitiu a prática da tortura. Segundo diz, capturados eram encaminhados ao “pessoal da informação” -  das três forças militares e do Serviço Nacional de Informações (SNI). 
Não teria utilizado codinome, sequer de “doutor”. Sorri ao ouvir os codinomes dr. Brito e dr. João, citados por ex-guias que serviram em sua área, e narra episódios de combate e tentativas de convencimento à rendição dos guerrilheiros, em que utilizava megafone.
Dos integrantes das forças guerrilheiras, fala, com convicção, que Raul era dentista (Antonio Teodoro de Castro estudava farmácia), e o chama, às vezes, de Fogoió. De maneira elogiosa, diz que chegou a ver uma maquininha de uso odontológico dos guerrilheiros. 
No GTT, chegou-se a pesquisar que, além de José Huberto Bronca, o guerrilheiro, e ex-estudante de medicina, Elmo Corrêa, pode ter sido chamado de Fogoió, pela população, por ser loiro. O irmão de Elmo, Aldo Creder, contou-me em 2001, que Elmo teria extraído dois dentes José Genoíno, segundo ele próprio lhe contara. Antonio Teodoro tinha os cabelos escuros. Os dois, de mesma altura, cerca de 1.80m, pertenciam ao mesmo destacamento, o B, comandado por Osvaldão. 
O coronel afirma que o guerrilheiro Joca (Libero Giancarlo Castiglia), a quem se referiu primeiramente como bom combatente, não teria resistido. A informação, porém, ainda está no ar. Permanece, por enquanto, a dúvida: se ele, ferido, não resistiu, ainda no caminho para Xambioá, ou, se ainda foi submetido à tortura, já ferido. Falaremos com mais detalhes da situação do caso Joca, entre outros. 
A respeito de Dinalva Conceição Oliveira Teixeira, a Dina, afirma que teria morrido na área da guerrilha.
Disse que, numa ocasião, viajou em um avião no qual havia dois corpos, embalados. Os feridos, afirma, eram levados para o hospital.
Em sua opinião, João Amazonas e Maurício Grabois eram “terroristas”, os demais guerrilheiros, “idealistas”.
Sardenberg, aspirante da Turma Barão do Rio Branco, de 1952, cursou a Escola das Américas e foi também paraquedista. No período da guerrilha, foi subordinado aos generais Hugo Abreu e Milton Tavares de Souza, já falecidos.
Chegou a comentar, superficialmente, que atuou também na divisa de Minas Gerais com o Espírito Santo e comentou o caso de uma "italiana", ocorrido antes da guerrilha, no Rio de Janeiro.
Ele é citado no caso Marilene Villas Boas, então militante do MR-8, e ex-integrante da Ação Libertadora Nacional (ALN). Segue, abaixo, a citação, copiada do Wikipedia:


"Marilene Villas-Boas Pinto (Rio de Janeiro,8 de julho de 1948 - Rio de Janeiro, 3 de abril de 1971) foi um guerrilheira brasileira, integrante da luta armada contra a ditadura militar existente no país entre 1964-1985.
Descendente do Barão de Nova Friburgo, filha do neurocirurgião Feliciano Pinto e de Avelina Villas-Boas Pinto, ex-estudante de Psicologia na Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, sua militância estudantil a fez ser perseguida pelo regime militar, o que a levou a entrar na clandestinidade, passando a integrar a organização de extrema-esquerda Ação Libertadora Nacional (ALN) e posteriormente o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).
Seu confronto com as forças da repressão se deu na noite de 2 de abril de 1971, no 'aparelho' ocupado por ela e seu companheiro, Mário Prata, numa rua do bairro de Campo Grande, subúrbio do Rio de Janeiro.
Um cabo pára-quedista morador da rua Niquelândia, naquele bairro, desconfiava do comportamento do casal de vizinhos e levou o caso a seus superiores. Durante o dia, quando o casal se ausentou da residência, homens da Brigada Aeroterrestre entraram na casa e descobriram ser um aparelho. No local, encontraram um arsenal, composto de uma sub-metralhadora, três fuzis, três pistolas, duas granadas e três quilos de explosivos. Por volta das 23 horas, dezenas de agentes tocaiavam a casa quando o casal apareceu, num táxi. O comandante da operação, major José Júlio Toja Martinez Filho parou o táxi e pediu os documentos do casal. Marilene, de dentro dele, abriu a bolsa, puxou um revólver e atirou no militar, matando-o com um tiro no tórax. No tiroteio que se seguiu, Prata foi executado e Marilene ferida.
Entregue pelos militares aos agentes do DOPS, mesmo ferida no tiroteio Marilene foi torturada até ser morta com um tiro no pulmão. Provavelmente, sua tortura e assassinato se deu na Casa da Morte, local clandestino de tortura na cidade serrana de Petrópolis, sendo identificada por outra guerrilheira prisioneira no local, Inês Etienne Romeu, em depoimento dado ao processo do CDDPH no Ministério da Justiça, em 1997. O que aconteceu com Marilene na tortura chocou os pára-quedistas companheiros de Toja. Segundo relataria quatorze anos depois o coronel Idyno Sardenberg, 'os pára-quedistas não tiveram nada a ver com o que fizeram com ela. No caixão, estava arrumada, estava inteira. Mas era enfeite'.
Seu atestado de óbito dá sua morte como 3 de abril de 1971, aos 22 anos de idade, no HCE (Hospital Central do Exército). Seu corpo foi enterrado em caixão lacrado em 5 de abril pela família, no Cemitério São Francisco Xavier, no Rio, entre provocações de militares à paisana à familiares e amigos. Seu nome hoje batiza uma rua na cidade de São Paulo."

                                                        
Marilene Villas-Boas, militante do MR-8, caso comentado pelo 
cel Sardenberg, disponível no Wikipedia


Nomeações do regime militar podem ser localizadas pela internet

Um dado interessante, encontrado em http://www.jusbrasil.com.br/diarios/2947121/dou-secao-1-30-01-1974-pg-8. O arquivo traz nomeações feitas pelos ministros militares, algumas “por necessidade”, em janeiro de 1974. Alguns desses militares podem contribuir com a futura Comissão da Verdade. O nome do coronel Sardenberg está entre os nomeados "por necessidade".
Como ele, outros podem fornecer informações contundentes ao cumprimento da sentença. Há vinte anos, depoimentos de militares, policiais e autoridades políticas do período ocorriam normalmente durante as audiências da CPI de Perus. Não havia estardalhaço, nem descumprimento dos ofícios, com exceção de Paulo Maluf, ouvido em sua casa pela comissão, após suas duas negativas terem sido encaminhadas à Justiça. 
É importante lembrar que uma CPI federal, ao longo dessas quatro décadas, poderia perfeitamente cumprir, de maneira legal e com instrumentos já constituídos pelos estado, o que se pretende com a invenção de uma "Comissão da Verdade". Embora pensemos assim, torcemos e contribuiremos, como fazemos neste blogue, para que se (re)conte mais rapidamente a história recente do Brasil.
Já o Grupo de Trabalho Araguaia, em respeito ao erário, deveria gastar um pouco de seu tempo em entrevistas com os que de fato estavam na linha de frente, como é o caso do coronel aqui citado.
Assim como o GTA não convida oficiais do período, tampouco chama os guerrilheiros sobreviventes. Traduzindo, os que protagonizaram as ações históricas são preteridos. 
Lembramos que já postamos aqui fotos, função e período do primeiro e segundo comandantes do 52º Batalhão de Infantaria de Selva (junho de 1973 e 1976). Os dados fazem parte de relatório do GTT, de abril de 2010.

Socorram os restos mortais

O caso Araguaia, insistimos, requer urgência. Em 2012 completam-se 40 anos do início do conflito e o lero-lero dos de sempre já ultrapassou todos os limites da sanidade.
Registramos, ainda, um apelo à presidente da República, Dilma Rousseff: socorra os restos mortais já recolhidos, em poder da Comissão de Mortos e Desaparecidos, da Secretaria de Direitos Humanos, antes que esse pequeno "grupo" de desumanos os escondam ainda mais ou os destruam, até para que não se saiba, publicamente, o desrespeito com que trata não apenas esses despojos e a história do país, mas, principalmente, porque vive do status político e financeiro se (auto) intitulando “representante de familiares de mortos e desaparecidos políticos”.

Abaixo, um pouco mais da hipocrisia e mentira repassadas há anos por esse grupo, que prejudica e assola a história da nação.


Casos mal contados provocam 
diversionismo histórico

João Carlos e Myrian Luiz Alves


Mais uma vez, nos últimos dias da semana, matérias de caráter emocional, porém não aprofundadas, dão sustentação ao que, a nosso ver, fere até mesmo os princípios de liberdade e justiça social então defendidas pelos militantes, em especial os jovens que, então perseguidos e por determinação e escolha, optaram pela luta armada, urbana ou rural.
Essas matérias omitem os feitos e as ações de militantes. Em seu lugar, publica-se apenas o lamento ou a dor, naturais em familiares que perdem seus parentes. Por obrigação moral ou ética, a história do período não pode ser substituída para favorecer outros interesses. A dor familiar é complemento dessas histórias, não pode jamais substituí-las.
Comentaremos os casos Gastone Lúcia Beltrão e  Alceri Gomes da Silva, com suas trajetórias parcialmente contadas em jornais postados, agora, no Facebook. Aos que acompanham o blogue, sugerimos utilizar a ferramenta Google, até para observar como são repetidos, ao longo dos anos, os assuntos referentes a “desaparecidos”. O assunto foi tratado em meio aos 120 dias de trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Desaparecidos Políticos da Câmara Municipal de São Paulo, conhecida por CPI de Perus (1990-1991). 

Alceri e Gastone

Alceri, então militante da ALN, morreu em maio de 1970; Gastone, da mesma organização, morreu em janeiro de 1972, ambas em São Paulo. As duas foram encaminhadas ao Instituto Médico Legal, necropsiadas e sepultadas em cemitérios públicos, municipais. O ano de suas mortes diferenciará o destino dos corpos.
Até março de 1971, os mortos não buscados por suas famílias no IML paulistano eram encaminhados, pelo serviço funerário, preferencialmente ao Cemitério de Vila Formosa, na zona leste de São Paulo, o maior da América Latina. O líder Carlos Marighella, morto em 4 de novembro de 1969, por exemplo, foi sepultado nesse cemitério, e posteriormente trasladado por sua família.
Portanto, até março de 1971, a maioria absoluta dos mortos do regime militar em São Paulo, na tortura ou em confronto (não entregues ou não buscados por suas famílias no IML), foi sepultada na Vila Formosa, a exemplo de Virgílio Gomes da Silva, o Jonas, também no final de 1969.
A partir de março de 1971, por uma questão de logística – o IML fica na Av. dr. Arnaldo – mortos “indigentes” passaram a ser levados, em sua maioria, para o Cemitério de Perus, periferia da zona oeste. O trajeto era mais direto e já havia as Marginais.
Gastone, então, foi sepultada em Perus. Há foto de seu corpo amplamente divulgada na internet. Aliás, a forma como esse “grupo” de “familiares” divulga fotos de corpos necropsiados beira a barbárie. Qualquer corpo necropsiado causa horror aos vivos, ou temor – e, consequentemente, dor. 


Maior cemitério da América Latina, o de Vila Formosa, na zona leste de São Paulo, recebe
 quase 300 corpos todos os meses. O tempo de permanência é de três anos,
 conforme legislação do estado para cemitérios públicos 

"Desaparecidos" recebem tratamento burocrático

Pergunta-se se pode ser considerada desaparecida uma pessoa cujo corpo passa pelo IML, é fotografado, fichado com informações como, muitas vezes, a de profissão “terrorista”, ou seja, é destacado em relação aos demais mortos por violência, ou acidente, e a tal ficha não foi destruída ao longo de décadas e, ainda, e, finalmente, seu destino foi um cemitério municipal?
A dificuldade de localização para exumação, agora, mais de 40 anos depois, das duas militantes, por exemplo, é evidente: milhares de sepulturas individuais, sem campas, apenas na terra, do humilde e sempre problemático cemitério de Vila Formosa, fundado em 1949, e o de Perus, inaugurado em 1971, também sem campas, criado para abrigar, também, mortos humildes de São Paulo. 
O de Vila Formosa é frequentemente noticiado, geralmente por conta de abandono e descaso do poder público e da própria sociedade. O de Perus foi construído às pressas, sem terraplenagem, como provou a CPI, para agilizar o que pretendia a Operação Bandeirantes (Oban), o sepultamento mais direcionado e mais rápido de “terroristas”. Tudo isso foi demonstrado e provado pela CPI.
Vale registrar: em São Paulo, covas comuns, normais, em cemitérios públicos municipais, abrigam um corpo por três anos, conforme a legislação. Passado esse prazo, é encaminhado a ossários públicos, ou até mesmo incinerado. No caso de Vila Formosa, repleto, o procedimento é comum. Com exceção da quadra 1 de Perus, exumada em massa, que deu origem à Cova Comum, a qual ainda comentaremos, militantes políticos foram localizados na quadra 2, a exemplo de Sonia Moraes Angel e Antonio Carlos Bicalho Lana, em 1991. Vinte anos após sua inauguração, o cemitério de Perus ainda continha áreas livres para sepultamentos, daí o não cumprimento imediato da legislação.
O corpo de Gelson Reicher, por exemplo, foi levado para Perus, com o nome Emiliano Sessa. Ao ver sua foto nos jornais, sua família o resgatou daquele campo santo. Foi sepultado, por fim, no Cemitério Getsemâni. Anos depois, documento do II Exército que mostra a troca proposital de seu nome, aproveitando um documento falso por ele utilizado, foi anexado pela CPI. 
Novamente, pergunta-se em qual país um “desaparecido” recebe tantos registros dentro do aparelho de estado? Lamarca, Marighella, Pedro Pomar, Ângelo Arroyo, José Eduardo Leite, mortos em circunstâncias bastante diferenciadas, não foram "desaparecidos", e eram líderes. Documentos sobre suas mortes também não "desapareceram" dos registros públicos. Procurados, foram localizados.
Mortos do Movimento Popular de Libertação, o Molipo, ao norte de Goiás, foram sepultados em cemitérios locais, a exemplo de Jeová de Assis Gomes, Arno Press e Rui Viana Berbet. Outra informação importante: às vezes, boa parte da família era envolvida na militância, não poderia, assim, apresentar-se para resgate de corpos no IML. Outras vezes, a tortura tentava impedir a busca imediata. Uma das principais razões era a própria prova apresentada pelo cadáver. Um exemplo é o caso Luís Eduardo da Rocha Merlino, morto sob tortura, resgatado pela família da gaveta do IML com a ajuda de um delegado amigo.
Alguns casos, como o de Maria Augusta Tomáz e Márcio Beck Machado, do Molipo, executados em uma fazenda de Rio Verde, em Goiás, merecem, entretanto, maiores investigações. 

Desvios da atenção da sociedade prejudicam investigações da Justiça

Ao desviar, propositalmente, o assunto “desaparecimento”, esse grupo de direitos “desumanos” patrocina o recontar hipócrita de histórias já investigadas por instituições e parlamentares que trabalharam com seriedade e respeito, como ocorreu com os vereadores da CPI de Perus, da Câmara de São Paulo.
Desvirtuam, dessa forma, a obrigatoriedade do cumprimento de uma das mais belas sentenças da Justiça brasileira, a dos familiares do Araguaia, com petição de 1982.
Mentem a jornalistas recém-chegados ao assunto “regime militar”, evocam um clima emocional fora de hora e de total desrespeito aos verdadeiros familiares. Tentam tirar do noticiário o cumprimento de uma sentença brasileira para que predomine a versão do manipulado processo impetrado por esse “grupo” junto à Corte Internacional da Organização dos Estados Americanos, combatida, à época, por aqueles militantes que morreram na luta, já que a OEA impôs, por duas décadas, severo boicote econômico a Cuba. 
Finalmente, acrescentamos aqui um parênteses: por incrível que possa parecer, há ciúmes e inveja, tanto entre indivíduos desse "grupo", que se reúne com demonstrações de unidade apenas quando lhe convém, como, principalmente, por disputas ainda atuais de “organizações” a que pertenceram, bem como aos militantes ou lideranças que tombaram. As razões diferenciam-se entre origem, e, especialmente, importância e destaque. 
Diga-se de passagem, é bem grandinho o desrespeito com que se referem ao PCdoB ou à guerrilha, usada por esse grupo para inflar o número de "desaparecidos", mesmo que, para isso, mantenham restos mortais em armários de ministros, como já contado e recontado aqui.Felizmente, embora “desaparecidas” na única área em que houve de fato uma guerra essas pessoas, para o desprezo desse grupinho, deixaram histórias, nomes e endereços no local. E, também, sepulturas.  
Um grupo que manipula, por dentro do estado, corpos e papéis para ganhar ações contra o Brasil. Provoca o retardamento do cumprimento da sentença da juíza Solange Salgado, no caso do Araguaia, para tentar, quem sabe, ganhar mais indenizações.
É preciso garantir o respeito aos mortos, suas histórias e reais amigos e familiares. 
O Brasil não avançará, nesse segmento da área de direitos humanos, enquanto a frivolidade e leviandade com o passado forem garantia para repetitivas nomeações em comissões do presente. 

2 comentários:

Anônimo disse...

Se entregou os presos ao "pessoal de informação" o que falta para a Comissão perguntá-los para onde levaram?

Flávio Ribeiro disse...

Estou bastante contente por existir um blog sobre a Guerrilha do Araguaia, assunto que me apaixona a anos. Ainda mais quando comentado por alguém que participou do movimento. Parabéns pela iniciativa, estarei constantemente ligado, pois a Guerrilha é meu objeto de estudo.
É inacreditável o tamanho do desrespeito pela memória daqueles que, acreditando em um ideal, pagaram com a própria vida. Os interesses individuais se sobrepondo aos da sociedade, bem característico da cultura do Estado brasileiro, que hipocritamente conduz um processo de investigação sobre o Araguaia e de outros crimes causados pela Ditadura somente "para inglês ver".
Mais uma vez parabenizo o Sr. João Carlos e a Sra. Myriam pela criação desta plataforma de ideias sobre uma assunto marginalizado pelo Estado.