Entre 2001 e 2009, uma dura luta foi travada em Brasília e outros estados, nos bastidores políticos, para provar a fácil identificação do corpo do guerrilheiro Bergson Gurjão Farias, enterrado em público, no início de junho de 1972, no Cemitério de Xambioá (TO).
Exumado em 1996, por antropólogos argentinos, seu corpo de quase 1.90m, jazia numa caixa de papelão há 13 anos, em dependências da Polícia Federal e do Ministério da Justiça, por puro descaso - ou segundas intenções? - da área de direitos humanos, formada em parte, por ex-ativistas e atuais ativistas autointitulados de "esquerda".
Em 2009, 2010 e início de 2011, novas informações sobre a Guerrilha do Araguaia vieram à luz, durante pesquisa para o cumprimento de sentença judicial, sob responsabilidade do Grupo de Trabalho Tocantins (GTT), do Ministério da Defesa do Brasil.
Em junho de 2011, a remodelação do GTT para Grupo de Trabalho Araguaia e a inserção, em sua coordenação, dos ministérios da Justiça e da Secretaria de Direitos Humanos, excluiu a participação de pesquisadores - jornalistas - convidados.
É importante lembrar, e destacar: o conhecimento e os desdobramentos das informações sobre a única guerrilha rural da década de 1970, travada pelas Forças Guerrilheiras do Araguaia (Foguera) e Forças Legais, teve - e ainda tem - fundamental contribuição de jornalistas e veículos de imprensa do país.
Como os de Bergson, identificado em julho de 2009, sem a análise de legistas e sem a necessária participação de peritos para sua legitimidade - chamada no meio jurídico de cadeia de custódia - outros restos mortais estão no poder da Capital aguardando a boa vontade dos interesses políticos.
O estudo e a luta para esses esclarecimentos não podem, entretanto, responsabilizar, no momento, governos ou autoridades, porque esses repassaram - terceirizaram - suas responsabilidades aos que se dizem militantes de DH.
Ficamos animados ao ver novamente os meninos gritando nas ruas do mundo. Então, lembramos Maiakovski:
"Qual uma peliça
o tempo é também roído
por vermes cotidianos.
As vestes poeirentas
de nossos dias
cabe a ti,
juventude (konsomol),
sacudi-las!"
Assim, queremos lembrar os que sacudiram o mundo há quarenta anos, dialogando com os que, hoje, buscam sacudi-lo novamente - os jovens.
Executada na Base Militar de Xambioá em 25 de outubro de 1974, todas as informações até aqui levantadas sobre a covardia que atingiu Walk, cerca de 23 guerrilheiros e mais de vinte moradores, mortos ou “desaparecidos” após a prisão, são geralmente ignoradas ou desviadas para outros assuntos.
Junto a outras histórias, que poderiam também estar muito mais elucidadas, veremos que, ao longo dos últimos 20 anos, meia dúzia de pessoas dirige o tema "desaparecidos" no Brasil mais ou menos assim: quando se encontra corpo, desviam o assunto para exigências de arquivos; quando surgem arquivos, querem reuniões com governos; em reuniões com governos, mesmo atuando dentro deles, são oposição e, juntando tudo isso, querem ganhar - e ganham - ações.
Doloroso é saber que mães, irmãos e amigos são enganados por poucos, interessados em conquistar, por exemplo, uma ação contra o Brasil. Basta ler a sentença da Corte Interamericana para observar vícios contundentes de processo. Traição? Oportunismo?
Então, dedicamos também o blogue aos que são, inocentemente, ludibriados. Nesse caso, o sempre bem intencionado povo brasileiro. Ou melhor, nós todos.
Um comentário:
Ainda bem que o Brasil tinha os militares para noa proteger desses bandidos.Hoje,não temos mais nada!
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