segunda-feira, 26 de março de 2012

História da nação ou acerto de contas?


Serra Pelada, Curionópolis (PA) - Myrian Luiz Alves, 2004

João Carlos

"Quando adestramos a nossa consciência, ela beija-nos
 ao mesmo tempo que nos morde."
(Nietzsche)


O cidadão pode aceitar, acomodar-se ou lutar contra um golpe de Estado. Foi o que ocorreu em 1964. Alguns aceitaram, outros se acomodaram a ele tornando-o legítimo. Entendendo- o fascista e entreguista, não o aceitei.

Segmentos democráticos, trabalhistas e socialistas reagiram à ditadura militar, criando, já em 1965, a Frente Popular de Libertação, com diretrizes de resistência armada, que derivou na tentativa de guerrilha na Serra de Caparaó, na divisa de Minas e Espírito Santo.

Outros escolheram a luta armada urbana, com seguidores divididos em numerosos grupos. O Partido Comunista do Brasil optou pela luta em área rural na tripla divisa do Pará, Maranhão e norte de Goiás, hoje Tocantins.

Essas forças defendiam ideologias, políticas e modos de ação diferentes. Agora, a nação quer saber desses acontecimentos, de sua história.

A Guerrilha do Araguaia pretendia criar áreas liberadas, tendo no seu programa promessas de liberdades democráticas e enfrentou as Forças Armadas da ditadura. 

Por ter participado dela, exijo que a tratem com respeito, tendo como bússola as fartas informações existentes dos três lados envolvidos.

Respeito aos fatos e aos envolvidos

O nome nasceu imperfeito, de qualidade intelectual duvidosa, e revela mentalidade primária, até ridícula.

Comissão da Verdade! O termo mostra seu caráter, de querer a nação de joelhos frente a algumas “autoridades” exigentes de mentiras, ditando e distorcendo acontecimentos históricos, não importando os horrores e as dores dos fatos.

Estamos tratando da História do Brasil. É necessário escutar quem dela participou, em seus vários momentos, maneiras e circunstâncias.

Em relação à Guerrilha do Araguaia, espero que chamem para oitiva os que sobreviveram: guerrilheiros, militares e a população local, provas testemunhais que podem ser cruzadas com documentos e outras informações.  Podemos, assim, manter o compromisso com a verdade, mostrando o nosso caráter que em nada tem a ver com a atual política partidária, com a transformação dos poderes em balcão de negócios particulares, ou partidários hegemônicos.

Violentar a verdade é incluir na direção da comissão, cidadãos ou organizações que participaram dos eventos, pois somos partes, impossibilitados de garantir isenção. Também não podem integrá-la pessoas indicadas por questões ideológicas ou políticas.

Os conflitos e guerras são sempre cruéis, mas não podemos machucar a história usando meios furtivos ou direção obliqua. 

                 
A ação do Ministério Público Federal contra Curió

Extremistas fingem esquecer que as forças armadas são instrumento de Estado, mantidas com dinheiro público.

Crimes cometidos por médicos, marceneiros, engenheiros, ou engraxates, não comprometem a categoria, mas o cidadão. Uma nação é construída por indivíduos, alguns heróis e outros covardes, como os combatentes de prisioneiros.

Elementos de corporações militares tornaram-se bandidos, a serviço de um governo fascista. Julguemos a figura emblemática sabendo existir outros torturadores. 

2 comentários:

Anônimo disse...

Doutor João Carlos, jovem guerrilheiro Paulo, conseguiu fazer história atravessando o cerco militar e paramilitar: não se entregou, nem foi preso na área. Sua lida de consciência merece ser contada às novas gerações.
Prof. L.Antonio, DF

Anônimo disse...

Esse holocasto de 1974 tem que ser escondido por vergonha!!
Mara L