Myrian Luiz Alves
Área da Base Militar de Xambioá (TO). Como na base Bacaba, no Km 68 da Transamazônica,
o 52º BIS, na mesma rodovia, e a Casa Azul, em Marabá, a base à beira do Araguaia, seria o destino de mais de 23 prisioneiros "desaparecidos"? E Brasília?
Além do dinheiro, benesses, status e, é claro, poder, o que querem
afinal os vampiros de direitos humanos?
No dia 24 de novembro, matéria da Carta Maior mostra claramente suas atuais “insatisfações”. Não
querem uma “comissão possível”, querem disputá-la.
Uma das entrevistadas na reportagem
da agência de notícias, Yara Xavier, levou, em 1996 ou 1997, então “voluntária”
da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos, um osso da perna de um de seus
irmãos ao Instituto de Criminalística (IC) do Distrito Federal.
Queria que o instituto identificasse
o irmão, nunca “desaparecido”.
Surpresos, os médicos legistas
perguntaram-lhe se havia processo a respeito ou o que ela fazia com aquele
osso.
– Mas há processo, é de
desaparecido?
– Não, é de meu irmão.
- Então, minha senhora, retire-se, por favor.
– Não, é de meu irmão.
- Então, minha senhora, retire-se, por favor.
Retirou-se, mas o osso ali
permaneceu. Isso, vejam, ocorreu após Yara também ter pressionado legistas da
Capital a alterarem o laudo original a respeito da causa de morte do capitão
Lamarca, exumado em Salvador, sem nunca ter sido considerado desaparecido.
Até o momento, não se sabe
exatamente as razões para a exumação do capitão, ocorrida em 1996,
curiosamente, após trabalhos de escavaçõs e retiradas de restos mortais no
sudeste do Pará, em meio à publicação da série de reportagens Dossiê Araguaia, de O
Globo.
Segundo um dos legistas,
especialista em DNA, Yara Xavier queria que o novo laudo contraditasse o de
1971 e apontasse arma branca para a morte do Capitão. O resultado não foi o
pretendido, Carlos Lamarca morreu, contou-me seu filho César, alvejado por
tiros, como já dizia o laudo original, alguns acertados, diz César,
propositalmente nos locais onde se alojam, nas fardas, as patentes militares.
Nunca mais Yara voltaria ao IC. Ao
localizar, depois de cinco anos de abandono de caixas de papelão com restos
mortais do Araguaia, no edifício da Polícia Federal de Brasília, como já
contamos, cuja responsável “pelos ossos” , no dizer de Nilmário Miranda, seria
Yara Xavier, descobrimos que havia, no IC, um osso de perna de um dos irmãos de
Yara e coleta de sangue da família Haas.
Como também já afirmamos, a
transferência de caixas para um laboratório foi negada pela comissão, em 2001,
à Câmara dos Deputados. Entretanto, divulgadas as fotografias dos corpos
retirados do Araguaia, em especial do corpo X-2, muitas matérias foram
publicadas na imprensa. Em 2006, a mesma senhora seguiu a vários estados do
país colhendo sangue de mães idosas, retornando com as amostras em sua bolsa,
supostamente para Brasília.
Tudo feito de maneira irregular, sem
cadeia de custódia (acompanhamento pericial, ou, a legalidade da criminalística
para identificações humanas), enquanto famílias ficaram por anos aguardando que
a irresponsável comissão especial identificasse seus parentes.
Até alguns anos atrás, ninguém havia
se tocado que o objetivo de algumas dessas representantes de “direitos humanos”
era ganhar tempo para levar o Brasil a uma condenação na Organização dos
Estados Americanos (OEA), ou, que, finalmente, tentassem enganar o país criando
uma comissão, nos moldes de outros países – que optaram por processos e não por
indenizações antecipadas a estes, como ocorreu no Brasil -, da qual pretendem
ser as julgadoras ou “nomear” os julgadores.
Resta saber até onde vai a paciente boa
vontade da Presidente da República.
Também nos últimos dias, o fato de o
cerimonial da Presidência ter alterados nomes de quem iria discursar na
solenidade em que foi sancionada a Comissão da Verdade, provocou a reclamação
do mesmo grupo de direitos humanos em uma série de notas e matérias de jornais.
Alguns podem ser levados a crer ser
isso de fundamental importância.
E é. Mostra que essas pessoas não
têm limites. Querem que a Justiça, o Executivo e o Legislativo façam exatamente
o que elas querem. Após ganhar indenizações individuais que, em alguns casos,
ultrapassam 1 milhão de reais, após mais de 30 anos de anistia política, querem
“justiça”.
Qual justiça, qual verdade?
Querem desmoralizar o Brasil, as
Forças Armadas e, até mesmo, a Ministra dos Direitos Humanos e a Presidente?
Desde 1993 essas pessoas têm em mãos
documentos que poderiam ajudar a esclarecer fatos, como no caso Hélio Luiz Navarro Magalhães, o Edinho, do Destacamento A das Forças Guerrilheiras do Araguaia
(Foguera).
Além de não divulgarem esses e
outros esclarecimentos relevantes, demostram raiva, como em outras pesquisas e
investigações, aos que querem saber o que teria acontecido ao rapaz, filho de
almirante.
Os pesquisadores do Grupo de
Trabalho Tocantins (GTT), por exemplo, sugeriram, em 2010, a investigação do
caso Edinho, entre outros, prontamente aceita pelo Ministério da Defesa e juíza
federal Solange Salgado, autora da sentença Araguaia.
Como de outras vezes em que o caso é
citado, representantes de “direitos humanos”, sempre do mesmo grupinho,
criticaram, em matéria da revista IstoÉ, a decisão da Defesa e do Poder
Judiciário, pela aprovação e investigação.
Já em 1993, se tivessem ciência do
conteúdo do relatório oficial da Marinha, não socializado por esse grupo, os
que são de fato representantes de direitos humanos poderiam ter exigido maiores
informações daquela força – de onde tiraram os dados? – e, a partir daí, poderiam ter divulgado nacionalmente a máxima da barbárie.
Afinal, se o guerrilheiro, preso, após
ser ferido na perna, foi executado, seu pai, um almirante, deveria ser julgado in memoriam por corte marcial e ser expulso da corporação, como ocorre em
qualquer país civilizado quando se tem ciência de execuções premeditadas de prisioneiros
de guerra, seja ela interna ou externa.
Ainda, se estiver vivo, é preciso todo o esforço
para localizá-lo. É importante reafirmar: a maioria quer o
recontar honesto da história e a apuração, principalmente, da conduta de servidores
pagos com o dinheiro público em missão oficial. Hélio Navarro, vivo, seria
testemunha fundamental dos acontecimentos que envolveram seus companheiros
aprisionados e o que se passava na região da guerrilha nos primeiros meses de
1974.
Por fim, assistindo por anos a fio a
esse “enrolamento” do esclarecer dos fatos, aumenta, a cada dia, a curiosidade
em saber como essas pessoas que tentam substituir o que interessa à história do
país por egoísmos medíocres, e, infelizmente,
ludibriando há anos alguns parentes de mortos do regime militar, conseguem ter,
neste momento, tanto poder e espaço.
Mais uma vez, entretanto,
jornalistas apresentam matérias contundentes, como faz Leonel Rocha neste fim
de semana na revista Época. Em sua reportagem, apresenta documentos da Marinha.
Em 2009, a mesma revista publicou
extensa reportagem de Matheus Leitão a respeito de Hélio Navarro. Tema também
tratado em matérias de Hugo Studart e de Euler Belém, do jornal Opção, entre
outros pesquisadores de nossa história.
Relatórios do Cento de Inteligência do Exército (CIE),
FAB e Marinha, a respeito de Hélio Navarro Magalhães, recebidos em 1993 pelo
Ministro da Justiça. Os textos dos relatórios estão como na grafia original.
Helio Luiz Navarro de Magalhães - Edinho
Filho de Hélio Gerson Menges de
Magalhães e de Carmen Navarro de Magalhães, nascido em 23 Nov 49, no RIO DE
JANEIRO/RJ.
Militante do PCdoB, utilizava-se do
codinome “RUI”.
De acordo com o depoimento de JOSÉ
ROBERTO BRANDE LUNA, foi um dos militantes do PCdoB deslocado para a região de
XAMBIOÁ/GO, no início de 1971 (CIE).
Militante do PCdoB e guerrilheiro no
Araguaia. Segundo o noticiário de imprensa nos últimos 18 anos e documentos de
entidades de defesa dos direitos humanos, teria sido morto ou desaparecido no
Araguaia. Não há dados que comprovem essa versão (FAB).
- FEV/74, foi preso gravemente
ferido, como terrorista, na região “chega com jeito”, portando um fuzil
metralhadora adaptado cal. 38, um revólver cal. 38 e uma cartucheira com 36
cartuchos.
- FEV/74, filho do Comte. HELIO
GERSON MENEZES MAGALHÃES, foi preso após ter sido ferido. Possibilidades de
sobrevivência desconhecidas.
- NOV/74, relacionado entre os que
estiveram ligados à tentativa de implantação de guerrilha rural, levada a
efeito pelo comitê central do PCdoB, em Xambioá. Morto em 14 MAR 74 (MAR).
Em 2006, o ex-soldado
Raimundo Pereira de Mello reconheceu Edinho como um dos filhos do sargento
Santa Cruz, que morava com a família em dependências da base de Bacaba, no Km
68 da Transamazônica. Ao olhar a fotografia do ex-guerrilheiro, Raimundo contou ter feito “escolta” ao “filho diferente” de Santa Cruz durante um fim
de semana na praia de Tucunaré, em Marabá, às margens do Rio Tocantins. Afirmou
nunca esquecer aquela ordem a ele e seus colegas que se perguntavam: por que
temos de fazer escolta ao filho do sargento?
Depoimento de 1994 do
morador de São Domingos do Araguaia, ex-guia José Veloso, aos pesquisadores da
Universidade Federal de Goiás, Romualdo Pessoa Campos Filho e Giovane Felipe, registra o prisioneiro Edinho: “um rapaz bem alvo, um rapazinho bem
aparecido. Estava fazendo vestibular para Medicina. Era do Rio. O Exército
tratava ele bem. Ficou um bocado de tempo na Bacaba. O Exército tava dando
muito apoio a ele, davam coturno pra ele novinho e...tratavam ele bem.”
A dirigente comunista Elza Monerat
afirmou diversas vezes, como fez em 2001, em sua casa no interior fluminense,
durante uma visita de parentes de Libero Giancarlo Castiglia e esta
pesquisadora, ter topado com Edinho no centro do Rio de Janeiro, no início dos
anos 80. Ao reconhecê-lo, numa virada de esquina, ele teria percebido e acelerado o passo. Bem mais
jovem do que ela, sumiu rapidamente de sua vista.
Em meados dos anos 2000, Elio
Gaspari publicou artigo dizendo que nos primeiros meses de 1974, um “espécime”
de guerrilheiro teria sido levado aos burocratas em Brasília. O artigo,
intitulado deluciopetit@araguaia.edu, não esclarecia, porém, de quem se tratava e o que lhe teria
ocorrido.
No mesmo período, em reunião com
familiares na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, coordenada pelo
deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, fiz comentários sobre o artigo, que me
pareceu revelador, mas com palavreado estranho, como o tratamento “espécime”, e
a não revelação do que poderia ter acontecido com o guerrilheiro em Brasília.
Sugeri, então, que se buscasse informações com o autor, Elio Gaspari.
Imediatamente, Suzana Lisboa, representante de familiares, embora sem nenhuma
ligação com o Araguaia, afirmou que já havia conversado com o jornalista, que
lhe respondera: “morreu”.
Misteriosos poderes sustentam
enganadores de direitos humanos
Como mostra a matéria de Euler Belém
(link abaixo), impressiona o poder dessa também representante de direitos
humanos, uma das responsáveis, como Yara Xavier e Criméia Schmidt, então
assistente de Suzana para assuntos do Araguaia, cargo inexistente segundo as
regras do serviço público - que também proíbe o trabalho voluntário, principalmente no acompanhamento de documentos e processos -, pelo abandono de restos mortais em
Brasília, e pelo que deve ser feito ou de que forma devem ser feitas
investigações sobre o período do regime militar.
Nunca satisfeita em seus desejos, ao
ser criada a comissão interministerial, composta por cinco ministérios,
incluindo a Secretaria de Direito Humanos, Casa Civil e Defesa, para começar a
ouvir militares por conta da sentença sobre a Guerrilha do Araguaia, Suzana
afirmou, em matéria de 2003, em O
Globo : “Lula fez
pacto com os militares”.
No entanto, aproveitando-se naquele
momento da formação da comissão, alguém da SEDH seguiu até Xambioá e “devolveu”,
nas mãos de um coveiro, sem mostrar nenhum documento de autoridade local, ou
nacional, e sem se identificar, alguns restos mortais então omitidos no armário
da comissão especial, da SEDH.
Em 2011, o mesmo grupo recarregou-se
de poder, nos bastidores do Planalto, para mandar e desmandar na forma de
cumprimento da sentença da OEA. Antes mesmo de aprovação da Comissão da Verdade
pelo Congresso, já obtinha autorização oficial para vasculhar arquivos ainda
sigilosos para “subsidiar” a Comissão da Verdade.
Hoje, domingo, 27 de novembro, matéria em O Globo mostra nova pressão dessas militantes. Querem a indicação de Yara Xavier para a Comissão da Verdade (link abaixo).
Para vampirizar quem desta vez?
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Links para as matéria citadas:
O Globo, matéria de Evandro Éboli
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/27/comissao-da-verdade-sofrera-pressao-por-punicao
Revista Época, matéria de Leonel Rocha
http://revistaepoca.globo.com/tempo/noticia/2011/11/os-arquivos-secretos-da-marinha.html
Opção, matéria de Euler Belém
http://www.jornalopcao.com.br/colunas/imprensa/cinco-guerrilheiros-do-araguaia-estariam-vivos
Revista Época, matéria de Leonel Rocha
http://revistaepoca.globo.com/tempo/noticia/2011/11/os-arquivos-secretos-da-marinha.html
Opção, matéria de Euler Belém
http://www.jornalopcao.com.br/colunas/imprensa/cinco-guerrilheiros-do-araguaia-estariam-vivos